Nonato Guedes, com agências
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) praticamente deflagrou a contagem regressiva para filiar-se a uma legenda como estratégia para disputar a reeleição em 2022. Ontem, ele admitiu conversas com vários partidos em busca de uma definição, citando entre eles o próprio PSL (Partido Social Liberal), pelo qual disputou a eleição presidencial de 2018, derrotando Fernando Haddad, do PT, no segundo turno. Em live realizada nas redes sociais, o presidente manifestou a expectativa de decidir o seu futuro político até o fim de março. “Espero que em março decida qual meu futuro político”, reforçou.
Conforme ele, alguns partidos acenaram para ele, mas só pretende tomar uma definição depois de ouvir a grande maioria de correligionários e aliados. Bolsonaro queixou-se de “meia dúzia de políticos” com quem, segundo ele, não dá para conversar, “porque destruíram todas as pontes ao longo desses últimos dois anos em causa própria”. O capitão foi eleito pelo PSL mas deixou a sigla em 2019, seu primeiro ano de mandato. Ele brigou com o presidente da legenda, o deputado Luciano Bivar (PE), por causa do controle do partido. Uma parte do PSL deixou de ser aliada do presidente da República, mas, em alguns Estados, filiados mantêm o apoio ao governo. É o caso do deputado federal paraibano Julian Lemos, que, inclusive, tem atritos sérios com filhos do presidente da República mas vota em matérias encaminhadas pelo Planalto à Câmara Federal.
Desde o seu desligamento do PSL, Bolsonaro começou uma corrida para criar um partido às pressas, o chamado Aliança pelo Brasil, na tentativa da sigla disputar as eleições municipais de 2020, mas não teve êxito, por falta de arregimentação maior, desinteresse de inúmeros políticos em se filiar à sigla e, também, em virtude dos problemas de mobilidade causados pelas restrições decorrentes da pandemia do novo coronavírus. No início desta semana, o presidente chegou a dizer que estava “namorando outro partido” como opção ao Aliança pelo Brasil. Deu a entender que ele seria o “dono da legenda”. O UOL Notícias informou que Bolsonaro também conversou com a presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Suêd Haidar, sobre o tema. De acordo com a TV Record, Bolsonaro vai assumir o controle da legenda, mudar o nome e partir para as eleições de 2022. Duas fontes do PMB afirmaram ao UOL que o acordo estaria praticamente selado. Mas alguns militantes do PMB revelaram ao UOL que passaram a se desfiliar por discordar da postura do presidente da República em relação às mulheres, como o advogado Jaime Fusco.