Nonato Guedes, com agências
O clima é de agitação em Brasília com as versões sobre iminente exoneração do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, criticado por atitudes à frente da Pasta na condução das medidas do governo federal para enfrentamento à pandemia do coronavírus. Os rumores ganharam força durante todo o dia de ontem, inclusive com especulações de que o ministro estaria doente. Numa declaração à “Folha de S. Paulo”, o general Pazuello enfatizou: “Não estou doente, o presidente não pediu meu cargo, mas o entregarei assim que pedir”. O G1 confirmou articulação para a saída de Eduardo Pazuello e revelou que o presidente Jair Bolsonaro se reuniu no domingo com a médica cardiologista Ludhmila Hajjar no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, em Brasília.
Apurou-se que deputados do “Centrão”, grupo de partidos da base aliada do governo na Câmara, têm pressionado pela troca de Pazuello. Desgastada, a atuação do ministro é criticada em razão do agravamento da crise sanitária no país causada pela pandemia de Covid-19. O nome da doutora Ludhmila Hajjar foi defendido abertamente pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, do PP-AL, que é uma das principais lideranças do Centrão. Em uma rede social, Lira salientou, ontem, que o enfrentamento da pandemia “exige competência técnica” e “capacidade de diálogo político” e que enxerga essas qualidades em Ludhmila. “Coloquei os atributos necessários para o bom desempenho à frente da pandemia: capacidade técnica e de diálogo político com os inúmeros entes federativos e instâncias técnicas. São exatamente as qualidades que enxergo na doutora Ludhmila”, escreveu o dirigente da Câmara.
E continuou: “Espero e torço para que, caso seja nomeada ministra da Saúde, consiga desempenhar bem as novas funções. Pelo bem do país e do povo brasileiro, nesta hora de enorme apreensão e gravidade. Como ministra, se confirmada, estarei à inteira disposição”. Em seu currículo na plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar informa que é professora associada de cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Nascida em Anápolis (GO), graduou-se em medicina na Universidade de Brasília em 2000. Ainda de acordo com o currículo, ela também é médica supervisora da área de Cardio-Oncologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora de cardiologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.
A pressão pela substituição de Pazuello ocorre em um momento de pico da doença no país. O Brasil registrou 1.940 mortes pela Covid-19 no sábado (13), totalizando 277.216 óbitos. Com isso, a média móvel de mortes nos últimos sete dias chegou a 1.824, novamente um recorde. Em comparação à média de 14 dias antes, a variação foi de +51%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença. Segundo o Blog da Andreia Sadi, a troca de Pazuello também é defendida por aliados de Bolsonaro para que o governo consiga se preparar politicamente à oposição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao tabuleiro eleitoral na semana passada. Na noite de sábado, Bolsonaro se reuniu com Pazuello e mais três ministros da ala militar. Participaram do encontro em Brasília, que não constava da agenda de nenhuma das autoridades, os ministros Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Fernando Azevedo (Defesa).