Nonato Guedes, com agências
Presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o médico paraibano Marcelo Queiroga, natural de João Pessoa, foi confirmado, ontem, como novo ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro. Será o quarto titular da Pasta desde o começo da pandemia de Covid, há pouco mais de um ano. O Brasil acumula mais de 278 mil mortes em razão da doença. Marcelo Queiroga substituirá o general Eduardo Pazuello, que vinha se desgastando à frente do cargo. Ele já se vacinou contra o novo coronavírus e, antes dele e de Pazuello comandaram a Saúde o médico e ex-deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e o médico Nelson Teich. Queiroga é defensor da vacinação contra Covid.
Seu nome foi ventilado com intensidade, ontem, na mídia, depois que se tornou inviável a suposta escolha da médica Ludhmila Hajjar, que esteve no domingo com o presidente Bolsonaro e saiu dizendo que não foram aceitas condições colocadas por ela para assumir o ministério da Saúde. Num vídeo da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga fala da importância da imunização para combater a pandemia. Em 20 de janeiro, ele aparece em outro vídeo tomando a vacina. O cardiologista é muito próximo da família Bolsonaro, principalmente do senador Flávio Bolsonaro. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, Marcelo Queiroga participou da equipe de transição de governo, dando opiniões na área da saúde.
Em maio, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, presidida por Queiroga, recomendou que a cloroquina, a hidroxicloroquina e azitromicina não fossem usados contra o novo coronavírus. Os medicamentos são defendidos até hoje por Bolsonaro mesmo sem ter efeito contra a Covid-19. Depois da repercussão da nota, a entidade recuou e divulgou nova nota, em parceria com o ministério da Saúde, em que abria a possibilidade de pacientes receberem cloroquina e hidroxicloroquina após assinarem termo de consentimento. Em abril de 2020, em entrevista à Globonews, Marcelo Queiroga falou sobre a importância do isolamento social: “O isolamento social visa a reduzir aquele pico de pessoas que precisam de internação hospitalar. É uma medida recomendada pelas autoridades sanitárias de uma maneira homogênea”. E também defendeu o Sistema Único de Saúde. “Fortalecimento do SUS – esse é o recado que essa pandemia traz para todos nós, brasileiros”.
Natural de João Pessoa, formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba, Marcelo Queiroga fez residência em cardiologia no Hospital Adventista Silvestre, no Rio de Janeiro. Tem especialização em cardiologia, com área de atuação em hemodinâmica e cardiologia intervencionista. Em dezembro do ano passado, ele foi indicado por Bolsonaro para ser um dos diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A indicação ainda não foi votada pelo Senado Federal, que aguardava agenda para sabatiná-lo. No currículo enviado ao Senado, o médico paraibano informou ser diretor do Departamento de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley, em João Pessoa, e cardiologista do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, na Grande João Pessoa.
O presidente da República se reuniu com o cardiologista paraibano na tarde de ontem para sondá-lo sobre a possibilidade de assumir a pasta no lugar do general. Segundo o próprio Bolsonaro, Queiroga aceitou o convite e sua nomeação deve ser publicada nesta terça-feira, 16, no Diário Oficial da União. “A conversa foi excelente, já conhecia há alguns anos, então não é uma pessoa que tomei conhecimento há poucos dias. Tem tudo no meu entender para fazer um bom trabalho, dando prosseguimento em tudo que o Pazuello fez até hoje”, disse o presidente em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada. A notícia sobre Queiroga veio horas após Pazuello informar que não havia pedido para sair do ministério. “Eu não estou doente, eu não pedi para sair”, ressaltou, admitindo, porém, que o presidente estava fazendo “tratativa” para reorganizar o ministério.