Pesquisa Datafolha divulgada ontem aponta um crescimento do apoio dos brasileiros a um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o instituto, 50% da população são contra o processo, enquanto 46% dos brasileiros se dizem favoráveis ao impedimento do titular do Planalto. O estudo ouviu 2.023 pessoas nos dias 15 e 16 de março. O levantamento do instituto também confirma o crescimento da avaliação negativa do presidente, observado na Pesquisa Fórum. Apesar dos dados indicarem que aqueles que se dizem contra o impeachment são maioria, esse número vem diminuindo.
Em janeiro, o índice que representava os contrários ao impedimento era de 53$, enquanto os favoráveis eram 42%. Em termos de avaliação, em janeiro, segundo o Datafolha, 40% consideravam o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, índice que subiu, agora, para 44%. Já a avaliação de ótimo e bom, que era de 31%, oscilou negativamente para 30%. Esse movimento já havia sido detectado na oitava edição da Pesquisa Fórum, feita em parceria com a Offerwise, divulgada mais cedo. Pela primeira vez, na série histórica do levantamento, a avaliação positiva de Jair Bolsonaro está abaixo dos 30%. Em maio de 2020, o presidente tinha 32% de ótimo e bom, chegou a ter 37,5% eem agosto, mas agora despencou para 26,9%. Já a avaliação negativa subiu dez pontos. Em maio do ano passado, 39,6% dos entrevistados consideravam que o presidente estava fazendo um governo ruim e péssimo. Em agosto, há uma queda para 35,3%. Agora, em março, são 49,5%. O índice de regular se manteve estável.
Por outro lado, o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, destacou, ontem à noite, que o presidente da República ignora recomendações simples feitas pelo novo ministro da Saúde, o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, sobre condutas em relação à pandemia do coronavírus no país. Em um evento realizado ontem, o novo ministro criticou pessoas que “não são capazes” de usar máscara e realizar distanciamento social. “Queiroga repetiu, em discurso na Fundação Oswaldo Cruz, que vai dar continuidade à política de Saúde do presidente Jair Bolsonaro, mas fez recomendações frequentemente ignoradas pelo presidente”, disse a apresentadora Renata Vasconcellos durante o telejornal.
Durante o discurso, o novo ministro anunciado disse que “não adianta só o governo ficar recomendando o uso de máscaras, se as pessoas não são capazes de aderir a esse tipo de medida simples, que não demanda grande esforço”. Disse ainda: “O governo recomenda, por exemplo, redução de aglomerações fúteis e as pessoas ficarem fazendo festtas nos finais de semana, contribuindo para a circulação do vírus”. O presidente é visto frequentemente promovendo aglomerações e raramente usa máscaras, as “medidas simples” sugeridas por Queiroga. Ontem mesmo, o presidente voltou a promover aglomeração de apoiadores no cercadinho do Palácio do Alvorada e utilizava equipamento de proteção.