Repercutiu amplamente na comunidade universitária e nos meios culturais da Paraíba a notícia da morte, ontem à noite, do professor e escritor Wellington Pereira, 60 anos. Diabético, estava internado desde anteontem no Hospital Nossa Senhora das Neves por causa da Covid-19, doença que causou a morte de seu irmão, Wallace Pereira, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado da Paraíba. Wellington Pereira era casado com Lourdinha Gomes, que também está infectada pela Covid-19, e deixa uma filha que completa 18 anos hoje.
Ele era Doutor em Sociologia pela Sorbonne. Como escritor, publicou livros como “As possibilidades do Róseo” (ficção), Crônica: arte do útil e do fútil – ensaio sobre a crônica no jornalismo impresso: Chanel 19: histórias no feminino (ficção), O beijo da noiva mecânica – ensaios sobre mídia e cotidiano; Vovó nos protege? – histórias infantis para gente grande (ficção), O trabalho de Sísifo – jornalismo e vida cotidiana (livro do Grupeci), Leituras do Cotidiano (livro do Grupec). Apurou-se que ele começou a apresentar os sintomas do coronavírus no domingo, 14. Com o agravamento do quadro, procurou o hospital na noite de anteontem, quando teria comentado com a esposa que achava que não conseguiria superar a doença. Pela manhã, apresentou melhora, mas no período da tarde o quadro voltou a se agravar. Houve uma tentativa de intubá-lo mas o professor teve uma parada cardíaca antes que o procedimento pudesse ser realizado.
Na terça-feira, 16, o professor Wellington Pereira comunicou que estava se afastando das redes sociais por causa do coronavírus. “Amigos: Mesmo antes da pandemia, me mantive isolado, praticamente, por conta de uma neuropatia diabética que me causa estragos desde 2016, responsável por minha aposentadoria da UFPB em 2017. Não saía, apenas observava os transeuntes no mundo virtual. Nesse período, me limitei a sair para consultas e exames médicos. Ontem fui fazer exames em um Hospital de João Pessoa e por curiosidade pedi para fazer o teste de Covid-19. Resultado: contaminado por Covid-19 em seus sintomas mais leves. Eu tinha feito uma série de exames em um hospital oftalmológico, indo comprar uma sandália especial para pés diabéticos. Não sei qual é a arqueologia do vírus. Mas iniciei logo o tratamento. Muita dor de cabeça, dores no corpo e falta de força muscular. Por isso, amigos, vou ficar um tempinho fora do mundo virtual. Espero voltar com saúde. (wp)”.
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas lamentou a perda. “Gerações de jornalistas paraibanos foram formadas pela generosidade e competência do mestre que se dedicava à sala de aula com a mesma devoção que às letras. Intelectual respeitado e ao mesmo tempo homem simples, Wellington marcou a vida de quem pôde desfrutar de seu convívio”, diz o texto.