Nonato Guedes
Praticamente uma semana após o anúncio feito pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a escolha do médico paraibano Marcelo Queiroga para o ministério da Saúde, no lugar do general Eduardo Pazuello, a demora na posse vem ocasionando imobilismo nas ações que cabe à Pasta desenvolver, segundo reclamações de secretários de Saúde dos governos estaduais, feitas a jornalistas. De acordo com a revista “Fórum”, os secretários reclamam que não há “absolutamente ninguém” na chefia do órgão para estabelecer diálogo ou tomar decisões.
Um dos secretários afirmou ao jornal “Folha de S. Paulo” que cada um deles está em sua trincheira, isolado, pressionado pelas tropas inimigas, sem ajuda. Além da falta de comando no ministério, técnicos da Pasta também reclamam de falta de autonomia. Há cerca de seis meses, eles foram impedidos de pactuar contratos, rompendo mais uma ponte entre Estados, empresas e o governo federal. Fontes ouvidas pelo site “Congresso em Foco” revelaram que a nomeação de Queiroga estaria sendo retardada porque o governo busca antes um cargo para garantir que o atual ministro Eduardo Pazello não perca o privilégio de foro e seja julgado apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
Pazuello é acusado de omissões na política de enfrentamento ao coronavírus e na definição geral da política de Saúde Pública no Brasil e no âmbito do Senado há articulações tentando viabilizar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar responsabilidades em situações de caos que têm sido registradas. O temor do governo, segundo interlocutores do Planalto, é que Pazuello se fragilize juridicamente e possa até ser preso por sua gestão durante a pandemia do coronavírus, de acordo com a revista “Fórum”. Outras versões dão conta de que o governo também está esperando que o cardiologista Marcelo Queiroga se desincompatibilize da direção de empresas do ramo da Medicina na Paraíba para, então, se habilitar a assumir o Ministério, já que, por Lei, ele não pode ter vínculos nessa circunstância.