Nonato Guedes
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou uma nota criticando as respostas dadas pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) a uma entrevista concedida ao site “Congresso em Foco” no início da semana. No texto, intitulado “A lavagem biográfica”, Dilma afirma que o parlamentar mineiro e ex-candidato a presidente da República “tenta limpar sua biografia para retirar dela as manchas indeléveis que o identificam como um antidemocrático golpista”, referindo-se ao apoio de Neves ao seu processo de impeachment, que acabou sendo consumado pela Câmara Federal, em 2016.
Dilma salientou ainda que “Aécio nunca aceitou de fato a derrota” e que “nunca houve dúvida quanto à intenção golpista e desqualificada de Aécio Neves no Congresso Nacional: desestabilizar o governo eleito, por meio de sabotagem explícita, visando inviabilizar as ações políticas, econômicas e administrativas necessárias para o bem do país”. Na entrevista dada ao repórter Lauriberto Pompeu, Aécio Neves havia dito que reconheceu o resultado das eleições presidenciais “meia hora depois do resultado oficial” e que ligou para a presidente eleita desejando a ela “sucesso no desafio de unificar o país”. Acrescentou: “Lamentavelmente, ela não entendeu nada disso, sequer cumpriu uma liturgia histórica desses momentos que é comunicar o recebimento já dos cumprimentos, o que finaliza do ponto de vista político a disputa”.
Já na carta, a ex-presidente diz ainda que o mineiro “mandou o seu partido, o PSDB, entrar com uma ação no TSE pedindo a recontagem dos votos” e que, após ser derrotado na Corte, determinou que o partido entrasse com recurso para impugnar sua diplomação. “Foi derrotado mais uma vez. E então partiu para o golpe”. Na entrevista ao “Congresso em Foco”, o tucano afirma que “em razão de inúmeras denúncias que chegaram em relação a resultados de urnas, foi em busca de uma investigação para saber se era ou não possível haver alguma burla, alguma manipulação nas urnas. Foi feita uma auditoria interna. O TSE delegou ao PSDB que indicasse peritos. “Qual foi a conclusão final? É que elas são inauditáveis. Não há como auditar as urnas, não há como saber se pode ou não ter havido algum tipo de manipulação. Foi absolutamente inconclusivo esse questionamento nosso e, depois, o TSE achou por bem que deveria negar provimento àquela ação”.
Dilma ressalta, ainda, que os atos praticados pelo deputado federal Aécio Neves em 2014 “condenaram o Brasil ao desastre, ao produzir o governo nefasto de Michel Temer, levando direto a Jair Bolsonaro e à atual catástrofe de pobreza, fome e doenças, além de mortes”. Na entrevista, Neves negou qualquer irregularidade no caso JBS, no qual é acusado de ter recebido propina do dono do grupo, Joesley Batista, falou sobre a corrida eleitoral para 2022, as prévias do PSDB, sua nova função à frente da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara e criticou o correligionário João Doria (SP), ao dizer que “a obsessão pelo marketing do governador de São Paulo é tão grande que até as virtudes dele acabam não trazendo os ganhos e apoios que ele poderia ter”.