Após um ano desde a eclosão do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou hoje a criação de um comitê junto aos poderes Legislativo e Judiciário, governadores, ministros de Estado e outras autoridades para implementar medidas de combate à pandemia. O comitê faz parte de um novo “pacto nacional”, segundo definição dada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e surge depois de cobranças e críticas em relação à atuação do governo federal na crise sanitária. O país tem enfrentado diariamente recorde de mortes provocadas pela pandemia, como registra o UOL Notícias, lembrando que, ao todo, já são mais de 298 mil mortos pela covid-19.
O anúncio do presidente Bolsonaro foi feito depois de uma reunião realizada hoje pela manhã entre ele, os presidentes do Senado e da Câmara, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira (PP), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, ministros de Estado, governadores e outros atores políticos. Após o encontro, as autoridades conversaram com a imprensa no Palácio da Alvorada em Brasília. Não foram fixados prazos para a criação desse novo grupo, que trabalhará de forma coordenada e sob liderança política e técnica do governo federal. Bolsonaro declarou: “Resolvemos, entre outras coisas, que será criada uma coordenação junto aos governadores com o senhor presidente do Senado Federal. Da nossa parte, um comitê que se reunirá toda semana com autoridades para decidirmos ou redirecionarmos o rumo do combate ao coronavírus”.
Diferentemente de manifestações públicas anteriores, nas quais sempre afirmou que “vida e economia” andavam juntas, o presidente afirmou hoje que a vida deve ser colocada “em primeiro lugar”. Além disso, ressaltou a necessidade de vacinação em massa no país como meio de enfrentamento à covid-19. No ano passado, Bolsonaro desdenhou da vacina CoronaVac por ser chinesa e encampada por um de seus principais rivais políticos, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e protelou a compra de imunizantes da Pfizer e da Janssen por não concordar com os termos da compra, por exemplo. A compra das vacinas dessas duas últimas empresas só foi fechada na semana passada.
Apesar de ter se mostrado mais aberto a estimular a vacinação em massa, Bolsonaro voltou a falar em “tratamento precoce”. Disse: “Tratamos também da possibilidade de tratamento precoce. Isso fica a cargo do Ministro da Saúde, que respeita o direito e o dever do médico off-label de tratar os infectados”. O cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, empossado ontem por Bolsonaro como ministro da Saúde em substituição ao general Eduardo Pazuello, participou da reunião comandada pelo presidente da República. Bolsonaro alertou para a gravidade da situação ao enfatizar que “uma nova cepa, um novo vírus” surgiram no Brasil. Ainda de acordo com o presidente, medidas tomadas pelo novo comitê, dentro de um esforço conjunto, “sem que haja qualquer conflito e politização” do problema, realmente o caminho ideal para tirar o país da situação. Em sua primeira fala, o ministro Marcelo Queiroga ressaltou a harmonia entre os Poderes e declarou que a conclusão dominante foi a necessidade de fortalecimento do SUS com articulações entre os governos federal, estaduais e municipais, para fornecer uma cobertura de pessoas vacinadas capaz de reduzir o impacto do coronavírus. O ministro também citou a criação de protocolos assistenciais. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em tom de recado, afirmou que o pacto nacional será liderado por Bolsonaro, que, na visão dele, é “quem a sociedade espera que lidere”.