Após o julgamento da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal que, por maioria, acatou habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e declarou a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro nos processos da Operação Lava Jato que levaram o ex-presidente à prisão, as redes sociais foram dominadas, no início da noite da terça-feira, 23, por postagens celebrando a decisão da Corte. Até mesmo o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), fez postagem em apoio à decisão do Supremo. “O Estado Policial, para o qual a Lava Jato descambou em certos momentos, jamais poderá merecer o perdão da História”, escreveu.
O placar ficou em 3X2 pelo reconhecimento da parcialidade de Sérgio Moro, o que provoca a anulação de todo o processo do tríplex do Guarujá contra o petista, desde a fase de coleta de provas e depoimentos. Com isso, a elegibilidade de Lula, que já havia sido retomada com a anulação do processo por incompetência de Vara determinada pelo ministro Edson Fachin, é reiterada. Votaram contra o habeas corpus os ministros Edson Fachin e Nunes Marques e, a favor, além de Cármen Lúcia, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou: “Ao proclamar que Sérgio Moro nunca foi juiz imparcial, foi carrasco, o STF fez mais do que garantir a Lula os direitos roubados pela Lava Jato. Começou hoje o caminho para recuperar a credibilidade do Judiciário brasileiro. Vitória da Justiça, do direito e da esperança”.
Jandira Feghalli, do PCdoB, vice-líder da Minoria na Câmara, anotou: “Finalmente, mesmo que tardio e depois de distorcer o processo eleitoral em 2018, Moro é declarado suspeito e parcial pela Suprema Corte do Brasil. Esse ex-juiz, que com seus comparsas manchou a magistratura, está finalmente defenestrado da História”. Já o deputado Glauber Braga, do PSOL-RJ, relembrou de quando chamou Sérgio Moro de “juiz ladrão” durante audiência na Câmara. Marcelo Freixo, do PSOL-RJ, escreveu: “A decisão do STF tem que ser comemorada por todos nós que defendemos o Estado Democrático de Direito e a garantia de que todos os brasileiros tenham um julgamento justo. Sérgio Moro corrompeu o sistema de Justiça, praticou ilegalidades graves e tem que responder por todas elas”.
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que foi candidato à presidência da República em 2018, também comentou a decisão: “Carmen Lúcia reviu seu voto, para o bem do Estado Democrático de Direito. Um dia histórico. O herói foi desmascarado. O falso Messias será o próximo”. Em nota, os advogados do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska Martins, divulgaram nota comemorando a decisão da Segunda Turma. Eles afirmaram: “É histórica e revigorante para o Estado de Direito e para o devido processo legal a decisão proferida pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, concedendo a ordem de habeas-corpus que pleiteamos em favor do ex-presidente Lula perante aquela Corte para reconhecer a suspeição do ex-juiz Sergio Moro”.