O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na tarde de ontem, 27, que está trabalhando neste fim de semana para ampliar a vacinação contra a covid-19 e que firmou o compromisso de a partir de abril imunizar cerca de um milhão de brasileiros por dia. “Essa meta já está próxima de ser atingida porque na sexta-feira (26) nós vacinamos mais de 800 mil brasileiros. Isso mostra a força do programa nacional de imunização”, ressaltou o cardiologista paraibano. Em postura destoante do presidente Jair Bolsonaro, o ministro Marcelo Queiroga defendeu a importância do uso de máscara e do distanciamento social.
– Se todos usassem máscaras, o efeito seria semelhante ao de vacinar a população do nosso país – enfatizou. Com a proximidade do feriado da Páscoa, o ministro reforçou o pedido para que as pessoas não se aglomerem e fiquem em casa. “Faça a sua reflexão cristã em casa”, pediu. “Não é com lei obrigando as pessoas a usar máscaras e multando as pessoas na rua que vamos resolver esse problema. É uma questão de conscientização, cada um tem que saber o seu papel e ajudar as autoridades municipais, estaduais e federais a por fim nesta pandemia”, acrescentou. Esta semana a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República divulgou em suas redes sociais vídeo acusando a imprensa de divulgar notícias falsas sobre a posição do governo federal com relação às vacinas contra a covid-19.
No vídeo, a Secom aponta a matéria “Governo adota discurso antivacina e diz que imunização não é obrigatória”, do “Congresso em Foco”, como mentirosa. O site respondeu que declarações do próprio presidente da República Jair Bolsonaro mostram o contrário, e exibiu vídeo nesse sentido. Desde o início da pandemia, lembra matéria do “Congresso em Foco”, Bolsonaro defende o uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19. O próprio Ministério da Saúde, durante a gestão do antecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello, lançou um aplicativo que receitava o chamado “kit covid” até mesmo para sintomas de ressaca. Após uma enxurrada de críticas, inclusive de autoridades de saúde, a ferramenta foi desativada.
Discordâncias entre o presidente da República e ministros da Saúde sobre o uso de remédios como a cloroquina motivaram o pedido de demissão de Nelson Teich do comando da pasta, já em meio à pandemia. Pazuello assumiu o ministério justamente com o propósito de seguir a “cartilha” de Bolsonaro. Em breve entrevista após ser escolhido para assumir o ministério, Queiroga afirmou que dará continuidade ao trabalho que vem sendo exercido. “A política é do governo Bolsonaro, a política não é do ministro da Saúde”, explicou. Por enquanto, o cardiologia tem evitado manifestar claramente sua posição sobre o uso de medicamentos ineficazes contra a covid-19 e tem insistido em adotar orientações científicas.
Na sexta-feira, Queiroga recebeu no ministério o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Luiz de Britto Ribeiro. A autarquia vem sendo criticada por não condenar o uso e a prescrição de medicamentos ineficazes contra a covid-19. Na última terça-feira, 23, a Associação Médica Brasileira foi taxativa, ao pedir em boletim, o banimento do chamado “kit covid”. No documento, os médicos pedem uma coordenação nacional no combate à pandemia e cobram ações do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Amanhã, às 9h, está prevista participação do ministro em uma audiência da comissão especial do Senado dedicada ao combate à pandemia. Mais tarde, Queiroga tem marcada uma videoconferência com o embaixador dos Estados Unidos, Todd Chapman, na qual deve ser discutida a aquisição de vacinas e outros insumos necessários ao Brasil no combate à pandemia.