O presidente Jair Bolsonaro realizou, ontem, uma reforma ministerial com seis trocas no primeiro escalão do governo. As mudanças foram confirmadas em uma nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, vinculada ao Ministério das Comunicações. Na Casa Civil entra o general da reserva Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, e sai o general da reserva Braga Netto, transferido para o Ministério da Defesa. No Ministério da Justiça e da Segurança Pública entra o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, e sai André Mendonça, transferido para a Advocacia Geral da União.
O general Braga Neto substitui no ministério da Defesa ao general da reserva Fernando Azevedo e Silva. No Ministério das Relações Exteriores, sai o embaixador Ernesto Araújo, substituído pelo embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira e que estava na assessoria especial da Presidência da República. Na Secretaria de Governo da presidência entra a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) e sai o general da reserva Luiz Eduardo Ramos, transferido para a Casa Civil. A confirmação de André Mendonça para a Advocacia-Geral da União sinaliza um retorno, pois ele já chefiou a AGU no início do governo e estava ultimamente no Ministério da Justiça. Substitui José Levi, procurador da Fazenda Nacional.
Segundo o portal G1, a amplitude da reforma surpreendeu. Até o final de semana somente a substituição de Ernesto Araújo era tida como provável para os próximos dias. Mas Bolsonaro aproveitou a saída de Araújo para processar uma mudança maior. O governo atualmente conta com 22 ministérios – a independência do Banco Central, aprovada pelo Congresso Nacional, fez com que a instituição deixasse de ser contabilizada nessa lista. No Palácio do Planalto, o novo ministro Carlos Alberto Franco França, das Relações Exteriores, é descrito como um diplomata de estilo discreto, ponderado e muito aplicado para cumprir suas tarefas. Assim, ganhou a confiança de Bolsonaro. O novo chanceler tem perfil avesso a embates ideológicos, segundo interlocutores. O ministro Ernesto Araújo caiu em desgraça após uma série de episódios, cuja gota d’agua foi um incidente com a senadora Kátia Abreu, do PP-TO, em que ele insinuou lobby da parlamentar para favorecer o governo chinês em licitação de equipamentos tecnológicos. A senadora reagiu com veemência à insinuação de Araújo e o qualificou como “marginal” na estrutura de poder.
Em Brasília, afirma-se que Bolsonaro promoveu substituições e remanejamentos atendendo a pressões do chamado Centrão, o agrupamento político influente no Congresso, principalmente na Câmara Federal, que vinha revelando insatisfação com o governo a partir da nomeação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, no lugar do general Eduardo Pazuello. A deputada Flávia Arruda, nomeada para a Secretaria de Governo, é do mesmo bloco político do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL). O Centrão conseguiu emplacar o nome da parlamentar de primeiro mandato na presidência da Comissão Mista de Orçamento. A deputada é esposa de José Roberto Arruda, ex-governador do Distrito Federal, condenado por participação em um esquema de corrupção conhecido como “Mensalão do DEM”.