O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, ontem, que o governo brasileiro está dialogando com a China para resolver impasse sobre insumos do Instituto Butantan e, assim, restabelecer a produção da vacina CoronaVac. O envase do imunizante está temporariamente parado no instituto, depois do atraso dos insumos – o chamado IFA – que deveriam chegar da China nesta semana. Queiroga reuniu-se com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, e revelou que ele tem sido muito sensível a essa questão.
– Vamos continuar dialogando para buscar superação dessa questão do IFA. E fazer com que o Butantan, que é patrimônio de cada um dos brasileiros, possa ter a sua capacidade de produção restabelecida e ter as doses suficientes para vacinar a nossa população – afirmou Queiroga, em entrevista a jornalistas, na saída de jantar com empresários e o presidente Jair Bolsonaro, em São Paulo. O Butantan alega que o atraso faz parte da cadeia produtiva da vacina e não deverá atrapalhar o cronograma da entrega das doses ao Plano Nacional de Vacinação.
Atualmente, a CoronaVac é produzida no Butantan com insumos da chinesa Sinovac e ainda depende do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) importado para manter sua produção. Por meio de nota, o instituto confirmou que todas as doses com a matéria-prima já recebida já foram envasadas, mas diz que a produção não parou porque as doses estão no processo de inspeção de qualidade. Os insumos, que deveriam chegar nesta semana, atrasaram para a semana que vem. “Neste momento, cerca de 2,5 milhões de vacinas encontram-se em processo de inspeção de controle de qualidade, parte integrante do processo produtivo, para serem entregues na semana que vem ao PNI”, diz o órgão. A última vez que o processo de produção da CoronaVac foi interrompido deu-se em 17 de janeiro, no início da vacinação no Brasil, exatamente por falta de insumos. A atividade foi retomada no início de fevereiro e, desde então, as remessas têm sido periódicas, com recebimento, inclusive, do governador João Doria (PSDB) no Aeroporto de Guarulhos, São Paulo.
Por outro lado, o ministro Marcelo Queiroga disse que um lockdown nacional não faz sentido no Brasil “porque a própria população não adere a essas práticas” e que, por isso, as ações de combate à covid-19 são tomadas conforme a situação local. A declaração foi dada após a reunião do presidente Bolsonaro e ministros com empresários de diferentes setores em São Paulo. Segundo a Folha de S. Paulo, horas antes do jantar, existia entre os convidados uma incerteza sobre a presença do ministro da Saúde, que acabou acompanhando o presidente. Também estiveram presentes os ministros das Comunicações, Fabio Faria, da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Em resumo, o encontro discutiu tanto a vacinação em massa quanto o avanço das reformas estruturais. Queiroga comentou a dificuldade na obtenção de vacinas, um problema que, segundo ele, é mundial e não apenas do Brasil. “É hora de união nacional para conseguirmos a vacina para imunizar a população brasileira”, frisou.