Nonato Guedes, com agências
A decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinando a instalação, pelo Senado, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar ações de enfrentamento à pandemia de Covid-19 por parte do governo Bolsonaro provocou reações de apoio entre opositores do mandatário. A deputada federal Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, revelou que a decisão representa “uma vergonha para o Congresso Nacional por ser determinado pelo Supremo Tribunal Federal a cumprir suas obrigações”. Para Gleisi, a deliberação evidencia a “conivência” dos dirigentes do Congresso, “que se mancham com o sangue das mortes no Brasil”. E arrematou: “Se logo não abrirem o impeachment (de Bolsonaro) serão humilhados novamente”.
Já o senador Jean, do PT-RN, líder da Minoria do Senado, publicou em seu perfil do Twitter que “é lamentável que o Congresso dependa de uma decisão do Judiciário para garantir o direito da minoria”. E disse ser urgente a apuração das omissões do governo federal no combate à pandemia no país. O deputado federal Marco Feliciano, do PSC-SP, comentou sobre o ministro Luís Roberto Barroso: “Depois de perseguir religiosos, agora coloca o Congresso de joelhos. Ontem eu avisei que o Leviatã é insaciável”. O deputado federal Fábio Trad, do PSD-MG, citou que a partir da decisão, “desenha-se uma crise entre os Poderes”. E advertiu: “O fato é que, empurrar com a barriga nunca foi uma estratégia consequente na política, sobretudo quando o que está em jogo é a própria função de um Poder”. A deputada Jandira Feghali, do PCdoB, postou: “URGENTE! STF DETERMINOU QUE SENADO INSTAURE CPI DA PANDEMIA! PEDIDO JÁ TEM ASSINATURAS (15 A MAIS) E ATÉ AGORA NADA! CUMPRA-SE!”.
O deputado federal Ivan Valente, do PSOL-SP publicou que Bolsonaro levou uma “pancada” do Supremo Tribunal Federal. E completou: “A vergonhosa omissão do presidente do Senado de não instalar a Covid foi atropelada agora pela decisão corretíssima do ministro Barroso de mandar abrir imediatamente a CPI”. A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) avaliou a decisão como “justa” e citou que “a omissão em Manaus não pode passar impune”, lembrando, ainda, que o requerimento com as assinaturas necessárias foi apresentado há mais de dois meses. Barroso concedeu liminar em ação movida pelos senadores Alessandro Vieira e Jorge Kajuru, ambos do Cidadania. Em fevereiro, um grupo de 30 senadores encaminhou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um requerimento para a abertura da CPI da Covid. A coleta de assinaturas começou em janeiro.
Em seu perfil no Twitter, o senador Randolfe Rodrigues (Rede) elogiou a decisão de Barroso. “Esperamos com urgência o início dos trabalhos para apurar os responsáveis pelo genocídio em curso no Brasil e por este atoleiro sanitário. Temos pressa! Há vidas em risco”. E o senador Humberto Costa, do PT-PE, afirmou que está, desde o primeiro momento, na linha de frente pela instalação da CPI da Covid para apurar “o genocídio em curso no país”. Mas, segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro operou para que ela não fosse instalada no Senado. “Agora será, por força de decisão do STF”, proclamou.