Nonato Guedes
A bancada paraibana no Senado, composta de três integrantes (Veneziano Vital do Rêgo e Nilda Gondim, do MDB, e Daniella Ribeiro, do PP) não assinou o requerimento original pedindo a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação do governo do presidente Jair Bolsonaro nas ações de combate à Covid-19. A bancada paraibana enfrentou alterações devido a licenças requeridas por parlamentares e sofreu uma grande perda: a morte do senador José Maranhão (MDB), vítima de complicações da Covid, em São Paulo. No lugar de Maranhão investiu-se Nilda Gondim, mãe de Veneziano e primeira suplente, que começou como interina e foi efetivada como titular. Houve, também, mudança de legenda por parte do senador Veneziano, que se desfiliou do PSB e voltou para o MDB, tendo assumido, ontem, a presidência do diretório estadual do partido na Paraíba.
Em meio à crise política entre o presidente Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal, que determinou a instalação da CPI ao presidente Rodrigo Pacheco, do DEM-MG, nem Veneziano nem Nilda e nem Daniella expressaram, pelo menos oficialmente, as posições que pretendem tomar em relação à CPI, que já conta com assinaturas suficientes para sua instalação. O autor do requerimento da CPI é o líder da oposição, Randolfe Rodrigues, do Rede-AP, e o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, deferiu a instalação da CPI acolhendo pedido dos senadores Jorge Jakuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), devendo a Comissão passar a funcionar até o final da próxima semana, ante a promessa do presidente Rodrigo Pacheco de que cumprirá a determinação judicial. O Planalto é contra as investigações, com receio do desgaste político e de possíveis denúncias contra o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
O requerimento original pedindo a instalação da CPI conta com 32 assinaturas, cinco a mais que as 27 necessárias (um terço do Senado). Em princípio, o presidente do Senado opinou que as energias devem ser direcionadas, no momento, à votação de projetos contra efeitos sanitários e econômicos da covid-19 e sugeriu que as investigações poderiam acirrar a disputa política e antecipar a corrida eleitoral de 2022. Nas últimas horas, entretanto, Rodrigo Pacheco se dispôs a diligenciar para instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, acolhendo a determinação do ministro do Supremo. Enquanto isso, o governo do presidente Bolsonaro já começou a se articular nos bastidores para tentar esvaziar a CPI e, também, evitar que ela descambe para tentativas de decretação do impeachment do presidente da República, como querem setores da oposição.
É a seguinte a relação dos senadores que assinaram o requerimento de CPI da Covid: Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jean Paul Prates (PT-RN), Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Fabiano Contarato (Rede-ES), Alvaro Dias (Podemos-PR), Mara Gabrilli (PSDB-AM), Plínio Valério (PSDB-AM), Refugge (Podemos-DF), Leila Barros (PSB-DF), Humberto Costa (PT-PE), Cid Gomes (PDT-CE), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Omar Aziz (PSD-AM), Paulo Paim (PT-RS), Rose de Freitas, José Serra (PSDB-SP), Weverton Rocha (PDT-MA), Simone Tebet (MDB-MS), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Otto Alencar (PSD-BA), Renan Calheiros (MDB-AL), Eduardo Braga (MDB-AM), Rodrigo Cunha (PSDB-AL), Lasier Martins (Podemos-RS), Zenaide Maia (Pros-RN), Paulo Rocha (PT-PA), Styvenson Valentim (Podemos-RN), Acir Gurgacz (PDT-RO). Falecido no mês passado em decorrência da Covid-19, o senador Major Olímpio, do PSL-SP, também havia assinado o requerimento pela criação da CPI.