Nonato Guedes
Embora o senador Veneziano Vital do Rêgo tenha afirmado, ao assumir a presidência do diretório regional do MDB, esta semana, que seu compromisso é lutar pela retomada do protagonismo político da legenda na Paraíba, o partido investirá, sobretudo, em alianças com outros partidos, não em candidaturas próprias, na disputa de cargos majoritários na eleição do próximo ano. Para o governo do Estado, Veneziano tem empenhada a palavra de apoio à candidatura do governador João Azevêdo (Cidadania) à reeleição. E para a única vaga de senador que estará em jogo, poderá se compor com a pré-candidatura do deputado federal Efraim Filho (Democratas), partido que é do bloco de sustentação política de Azevêdo.
Especula-se nos meios políticos que Veneziano tenta viabilizar a candidatura de sua própria mulher, a secretária de Estado Ana Cláudia, como candidata a vice na chapa de Azevêdo à reeleição, ocupando o lugar da vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), que está no segundo mandato consecutivo (foi vice de Ricardo Coutinho, PSB). Veneziano não confirma nem desmente a especulação. Ana Cláudia é filiada ao Podemos e concorreu à prefeitura de Campina Grande nas eleições municipais de 2020, ficando em segundo lugar. Ela contou com o apoio do esquema do governador João Azevêdo na batalha vencida em primeiro turno por Bruno Cunha Lima, do PSDB. A presença de Ana Cláudia na chapa do governador teria, também, o objetivo de garantir a representatividade de Campina, segundo colégio eleitoral da Paraíba, naquela composição. Antes que isso possa ocorrer, Ana Cláudia deve assumir interinamente o mandato de deputada federal, substituindo a Damião Feliciano (PDT), que se recupera de complicações de Covid-19.
A única vaga de senador que estará em jogo no próximo ano foi conquistada em 2014 por José Maranhão (MDB), recentemente falecido por complicações de Covid-19 e que disputou com nomes como Lucélio Cartaxo, irmão gêmeo do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, do PV, Leila Fonseca, Nelson Júnior, Walter Brito Neto e Rama Dantas. Em 2018, Maranhão voltou a disputar o governo do Estado mas João Azevêdo saiu vitorioso na primeira rodada. Com a morte de Maranhão, ascendeu à titularidade a ex-deputada federal Nilda Gondim, mãe de Veneziano, que já anunciou que pretende apenas concluir o mandato, não se dispondo a concorrer a cargos eletivos no próximo ano. Na eleição municipal de 2020, Maranhão logrou um feito ao lançar o comunicador Nilvan Ferreira como candidato do MDB a prefeito de João Pessoa. Nilvan disputou o segundo turno e perdeu para Cícero Lucena, do PP, por margem estreita.
Mas o MDB de Veneziano, aparentemente, não se identifica com Nilvan, que está mais alinhado com forças políticas ligadas a Romero Rodrigues e Cássio Cunha Lima, adversários de Veneziano na política de Campina Grande. Interlocutores de Veneziano afirmam que, sob seu comando, o MDB prepara-se para uma guinada na sua trajetória na Paraíba. O partido terá que investir na atração de quadros, fortalecer diretórios municipais e comissões provisórias. Atualmente o MDB não conta com nenhum representante na Câmara Federal, tem apenas o deputado Raniery Paulino na Assembleia Legislativa e no Senado conta com dois representantes – Veneziano e a mãe Nilda Gondim. Veneziano tem procurado estreitar relações com o “clã” do ex-governador Roberto Paulino, com atuação na região de Guarabira. Entre os “históricos” do MDB, a expectativa é que seja preservado, pelo menos, o legado de ideias de José Maranhão, um político que foi cassado pela ditadura militar e que figurou como “tríplice coroado” na galeria de ocupantes do Palácio da Redenção.