Nonato Guedes
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que recebeu em sua residência oficial o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, garantiu que não discutiu com ele pontos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 a ser instalada no Congresso com o objetivo de apurar as ações e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19. “Tratei com o ministro a respeito daquilo que mais importa neste momento: o cronograma de vacinas e a possibilidade de antecipação de fornecimentos para alcançarmos a população brasileira o máximo possível, a produção animal de vacinas, que podem ter seus parques convertidos para produzir a vacina contra o coronavírus e tratamos das patentes”, enumerou Pacheco em vídeo encaminhado à imprensa.
Além de Rodrigo Pacheco e Marcelo Queiroga, esteve presente o senador Confúcio Moura (MDB-RO). O encontro se realizou dois dias depois de o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, ordenar que Pacheco abra a CPI da Covid. O presidente do Senado mencionou, também, que houve discussão sobre medicamentos para intubação e oxigênio, que estão em níveis críticos, e cobrou união entre os poderes para o enfrentamento ao novo coronavírus. “É muito importante não perdermos o foco, mantermos a união, a pacificação, o diálogo permanente, com as soluções efetivas para o problema maior dos brasileiros que é a pandemia”, reiterou Rodrigo Pacheco. Ele já deixou claro que não impedirá a abertura dos trabalhos da CPI, que é criticada por Bolsonaro e apoiadores. As críticas de Bolsonaro são dirigidas ao ministro Luís Roberto Barroso, que determinou a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito.
No contraponto, o senador Carlos Viana, do PSD-MG, prepara um pedido de impeachment contra o ministro Luís Roberto Barroso, tendo informado que a petição está sendo finalizada e precisará de 27 assinaturas. A CPI contra ministros do Supremo foi sugerida pelo presidente Jair Bolsonaro como represália logo após Luís Roberto Barroso ter determinado a abertura da CPI da Covid ao presidente do Senado. Carlos Viana disse acreditar que há apoio suficiente de seus pares para seguimento do processo, “que será, primeiro, uma CPI, advindo posteriormente responsabilidade criminal e impeachment”. O senador é um dos vice-líderes do governo naquela Casa e argumenta que o ministro Barroso interferiu indevidamente nas funções do Legislativo. Para Carlos Viana, a atitude do ministro significou um “completo desrespeito” entre os Poderes da República. E concluiu: “O ativismo judicial chegou a um limite perigoso e inconstitucional. É hora do Senado dar uma resposta corajosa ao STF”.