Nonato Guedes
O assédio movido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a políticos do PSD para costurar apoios à sua candidatura a presidente da República em 2022 poderá complicar a situação do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, no quadro político-eleitoral da Paraíba. Romero é o presidente estadual do PSD, aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro (que será candidato à reeleição) e pretende disputar o governo do Estado no próximo ano tendo Bolsonaro como cabo eleitoral. Rodrigues conta com o apoio natural do ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que não concorrerá a nenhum mandato no próximo ano e cujo filho, o deputado federal licenciado Pedro Cunha Lima, se apresenta também como alternativa para disputar o Palácio da Redenção.
Na campanha municipal de 2020, o ex-presidente Lula envolveu-se, na Paraíba, apenas na disputa a prefeito de João Pessoa, tendo gravado um vídeo em que pediu votos para o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), adversário dos Cunha Lima e de Romero Rodrigues. O gesto de Lula foi uma descortesia para com o candidato próprio do PT a prefeito da Capital, o deputado estadual Anísio Maia, que teve votação insignificante, e uma retribuição ao apoio que recebeu de Ricardo quando esteve preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Ainda assim, Coutinho não logrou, sequer, ir para o segundo turno da disputa em João Pessoa. Para 2022, o PSB paraibano segue indefinido quanto a lançar candidatura própria ao governo ou fazer aliança com outros partidos.
De acordo com versões da “Folha de S. Paulo”, em telefonema feito nos últimos dias para Paulinho da Força, do Solidariedade, o ex-presidente Lula da Silva pediu sua ajuda e de outros membros da Central Sindical para conseguir se aproximar de políticos do centro nas viagens que pretende deflagrar por todo o país para a formação de um bloco capaz de derrotar Bolsonaro na disputa de 2022. Alguns dos políticos de centro que Lula corteja estão filiados ou ocupando mandatos pelo PSD. A ideia do ex-presidente, conforme revelou Paulinho da Força, é viabilizar o que tem sido defendido por segmentos de esquerda, ou seja, uma frente para derrotar Bolsonaro no plano nacional e seus aliados nos Estados. O ex-presidente já tomou a segunda dose da vacina contra a Covid-19 e está pronto para iniciar o roteiro de visitas, retomando contatos, também, com segmentos da sociedade.
O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, que concluiu dois mandatos à frente da prefeitura daquela cidade, foi recentemente denunciado no âmbito da Operação Calvário, que, na Paraíba, apura desvios de verbas da Saúde e da Educação e que tem como protagonista maior o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). Em reação à denúncia que lhe atingiu, Romero Rodrigues qualificou de requentadas as acusações, reafirmou sua inocência e assegurou que está juntando provas para revelar sua inocência, já que os processos tramitam em segredo de Justiça. Na prática, a denúncia tolheu os passos de Romero, que havia se determinado a, tão logo deixasse a prefeitura, iniciar pré-campanha por todo o Estado da Paraíba para conquistar o Palácio da Redenção. O ex-prefeito campinense, mesmo fora do poder, chegou a acompanhar o presidente Jair Bolsonaro em recente visita que este empreendeu a cidades do interior de Pernambuco para inspecionar obras do governo federal. Rodrigues e Bolsonaro foram colegas de legislatura na Câmara Federal, no período em que Bolsonaro era famoso como integrante do chamado “baixo clero” do Legislativo.