O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, ontem, que quem votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do próximo ano “merece sofrer”. A declaração foi feita durante conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, onde o mandatário repetiu críticas ao petista. Apesar de dizer que não se importa com reeleição, o chefe do Executivo vem articulando e tentando garantir seu posto em 2022. Ele comentou, ainda, sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de manter a anulação das decisões judiciais condenando Lula no âmbito da Lava-Jato em Curitiba. Com o julgamento do Supremo, Lula fica livre para concorrer à presidência da República em 2022.
– Foi 8 a 3 o placar lá. Interprete como quiser. Agora, um povo que porventura vote num cara desse é um povo que merece sofrer. Igual teve algumas prefeituras que no ano passado os caras deitaram e rolaram no lockdown e reelegeram o cara. Querem o quê? Olha Belo Horizonte…Mais uma semana e o meu gordinho ia para o segundo turno lá, hein?”, disse, referindo-se ao deputado Bruno Engler, do PRTB. Bolsonaro observou ainda que deverá escolher um novo partido até o fim de abril, uma vez que o Aliança pelo Brasil não ficará pronto a tempo das eleições. “Para o Aliança é muito pequena a chance. Já estou atrasado e não tem outro partido. Espero que este mês eu resolva”, comentou, acrescentando que uma definição em abril seria ideal. “O duro foi quando me candidatei em fevereiro, março; em cima da hora”, completou.
Bolsonaro também comentou as indicações para o Supremo Tribunal Federal em 2023 e ressaltou que não há como “dar um cavalo de pau” no país. “As eleições do ano que vem…quem se eleger indica dois para o Supremo no primeiro trimestre de 2023. Então, se for um cara da minha linha, vai ter quatro que mudam as coisas. Alguns querem que eu dê um cavalo de pau no Brasil, não dá para dar um cavalo de pau no Brasil”, defendeu. O presidente citou a PEC 35/2015, que ainda deve ser votada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado. A medida dispõe que os próximos ministros da Corte poderão ter mandatos limitados a 10 anos e serem escolhidos a partir de uma lista tríplice. A autoria é do senador Lasier Martins, do Podemos-RS. O presidente repetiu críticas ao lockdown, medida adotada por governadores e prefeitos em meio à pandemia de Covid-19 e disse que para resolver a questão teria que apelar para a ditadura, o que não fará.
– O povão vai aprendendo devagar, vai se interessando. Muita gente vê o problema imediato ali para eu resolver. Só se eu impusesse uma ditadura. A gente não vai fazer isso. Não tem cabimento. Não tem ditadura boa – emendou. Ele voltou a criticar o Partido dos Trabalhadores e insinuou que no Brasil “ninguém está com saudades do PT”, mencionando invasões de terras que ocorreram por parte de trabalhadores, incentivados pelo MST. A respeito de suposta corrupção no seu governo, o mandatário reforçou que “pode ser que aconteça”. E exemplificou: “Em casa, alguém, às vezes, faz a besteira. Se fizer, a gente corta o pescoço”.