Nonato Guedes
O ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), que governou a Capital paraibana por oito anos, não decidiu, ainda, qual mandato eletivo disputará na campanha do próximo ano, segundo ele revelou em recente entrevista ao jornalista Hermes de Luna na TV Correio. Presidente estadual do PV, Cartaxo é cogitado para concorrer ao governo do Estado, a uma vaga de senador ou a um mandato de deputado federal, mas ele ressalta que ainda está promovendo consultas junto ao seu grupo político e fazendo avaliações sobre o cenário eleitoral para 2022. Assegurou, entretanto, que participará, sim, da disputa de 2022 como candidato.
Em termos concretos, Luciano Cartaxo assume que sua linha política é de oposição ao governo João Azevêdo (Cidadania) e à administração de Cícero Lucena (PP) na prefeitura pessoense, fazendo restrições, principalmente, à gestão municipal que, a seu ver, tem cometido falhas na condução das medidas de combate ao coronavírus. Nas eleições municipais do ano passado, Cartaxo e seu grupo político foram derrotados e a candidata lançada, a ex-secretária de Educação Edilma Freire não chegou a ir, sequer, para o segundo turno, ficando em quinto lugar no mapa eleitoral do primeiro turno, abaixo de Wallber Virgolino (Patriota), Ruy Carneiro (PSDB), Nilvan Ferreira (MDB) e Cícero Lucena (PP). A candidatura de Edilma, concunhada de Luciano, foi contestada por ex-integrantes da administração pessoense que chegaram a ser estimulados por Cartaxo como opções para a disputa.
No campo das alianças políticas, o esquema do então prefeito de João Pessoa conseguiu atrair apenas, como partido de expressão, o PDT da vice-governadora Lígia Feliciano e do deputado federal Damião Feliciano. O PDT indicou o nome de Mariana Feliciano, filha do casal, para candidata a vice-prefeita na chapa de Edilma Freire, escolha que não acrescentou muito na soma de votos. Por sua vez, a candidata a prefeita, Edilma Freire, fez sua estreia na atividade política. Ela chegou a ser elogiada por Luciano Cartaxo como idealizadora de uma “revolução silenciosa” na área da Educação em João Pessoa, mas o argumento não sensibilizou a maioria do eleitorado. De resto, a discussão prioritária na campanha eleitoral foi centrada na “gestão pós-pandemia”, alusão às metas para combate à Covid-19.
Natural de Sousa, no Sertão paraibano, Luciano Cartaxo foi o primeiro prefeito eleito pelo PT em João Pessoa, mas se desfiliou do partido tão logo surgiram denúncias de envolvimento de líderes nacionais petistas com escândalos como o do mensalão. Ingressou no PSD, que foi presidido pelo ex-vice-governador Rômulo Gouveia, e migrou, por último, para o PV. Na campanha de 2018, Luciano Cartaxo chegou a ser pressionado por integrantes do seu grupo a concorrer ao governo do Estado, mas ele preferiu não se desincompatibilizar do cargo. Lançou, então, a candidatura do irmão gêmeo Lucélio Cartaxo ao Palácio da Redenção, em aliança com o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, cuja mulher, Micheline, figurou como vice de Lucélio. A chapa não conseguiu êxito, tendo João Azevêdo sido eleito em primeiro turno pelo PSB. Em 2014, Lucélio Cartaxo aventurou-se na disputa pela única vaga em jogo ao Senado, perdendo o embate para o então ex-governador José Maranhão (MDB), que faleceu recentemente vítima de complicações da Covid.