A deputada federal Carla Zambelli, do PSL-SP, ingressou com uma ação na Justiça Federal para impedir que o senador Renan Calheiros, do MDB-AL, seja o relator da Covid no Congresso. Pelas redes sociais, a deputada aliada do presidente Jair Bolsonaro disse que outros parlamentares também ingressarão com ações para impedir a relatoria de Renan. “A presença de alguém com 43 processos e 6 inquéritos no STF evidentemente fere o princípio da moralidade administrativa”, escreveu Carla Zambelli no Twitter. A deputada informou ainda que a ação popular está na Segunda Vara Federal de Brasília.
Além de investigar a omissão do governo federal na condução da pandemia, a comissão vai apurar eventuais irregularidades no repasse de recursos federais a Estados e municípios para o enfrentamento à Covid. Renan Calheiros é pai de Renan Filho, governador de Alagoas, e um dos possíveis alvos da CPI da Covid no Senado. O senador Jader Barbalho, do MDB-PA, suplente da CPI, por sua vez, é pai do governador do Pará, Helder Barbalho. Mais cedo, o senador Marcos Rogério, do DEM-RO, um dos nomes do agrado do governo para assumir a relatoria ou a presidência, questionou a possibilidade de o emedebista relatar os trabalhos.
– Eu não gostaria de ver o Flávio Bolsonaro relatando a CPI. Agora, do mesmo jeito que eu acho que não é ideal o filho do presidente ser relator, o filho ou o pai de algum possível investigado, ainda que indiretamente, não é adequado – afirmou ao site “Congresso em Foco”. Enquanto isso, Renan Calheiros rebateu que Zambelli quer atrasar o andamento da CPI e que não mantém contato com a deputada bolsonarista. “Eu não sigo essa senhora. Ela está bloqueada desde 2018. Está querendo atrasar a instalação da CPI. Precisamos parar o cronograma do morticínio e não temos tempo a perder com briga política, com obstrução, com postergação da instalação da CPI”, reagiu. O parlamentar disse ainda que até a próxima sexta-feira vai se dedicar a estudar os temas da CPI e fazer uma “profilaxia digital”. “Para evitar a infecção do radicalismo, o contágio dos extremistas e o negaciovírus, farei um isolamento sanitário, podendo voltar a qualquer momento se houver necessidade”, ironizou o parlamentar alagoano.
O senador Marcos Rogério, comentando o vínculo familiar entre o senador Renan e seu filho governador, salientou: “Lado político todo mundo tem. Agora, vínculo sanguíneo é algo que acho que vai um pouco além disso”. O senador afirmou ter conversado com Omar Aziz (PSD-AM), cotado para presidir a comissão e se colocou à disposição para assumir um dos cargos de comando. Com taxa de 92% de governismo de acordo com o Radar do Congresso, Marcos argumenta que o fato de ser aliado do governo não tira sua independência para apurar os fatos. O parlamentar acentuou que o poder da CPI está na força das decisões colegiadas. “Não existe poder de um julgador só”, finalizou.