Por sete votos a dois, o plenário do Supremo Tribunal Federal formou maioria para manter a decisão que considerou o ex-juiz federal Sergio Moro parcial ao julgar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O julgamento ficou inconcluso porque o decano da Corte, Marco Aurélio Mello, pediu vista. A sessão foi encerrada em meio a um debate tenso entre os ministros. Até o momento os contrários foram os ministros Edson Fachin, relator da ação, e Luís Roberto Barroso. Foram a favor os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Rosa Weber e Kassio Nunes Marques.
Em consequência do pedido de vista, o presidente do STF, Luiz Fux, ainda não votou. Quando o julgamento for retomado – ainda não há data para isso – os ministros poderão mudar o voto caso queiram. Fux chegou a dizer que Mello apresentaria seu voto na sessão da próxima quarta-feira, 28, mas o decano, consultado pelo UOL, negou. O STF também confirmou o pedido de vista e disse que, na quarta, a sessão começará avaliando o caso do deputado federal Daniel Silveira, cuja prisão foi determinada por ato do ministro Alexandre de Moraes, depois confirmado pelo plenário. Na reunião de ontem, o plenário do STF debateu se, com a confirmação da incompetência da Décima Terceira Vara Federal de Curitiba para julgar Lula, 14 recursos da defesa de Lula no Supremo perdem razão de existir, como decidiu o ministro Edson Fachin em 8 de março.
A defesa de Lula é contra a posição de Fachin e pede que os recursos continuem válidos. Entre esses recursos está o que diz respeito à suspeição de Moro. Caso a maioria do plenário seja confirmada ao fim do julgamento, ficará mantida a decisão da Segunda Turma do STF que considerou o ex-magistrado parcial no processo do tríplex. A sessão foi marcada por tensão, com bate-boca entre ministros. Barroso chegou a perguntar a Lewandowski se, para ele, o crime compensava, ao citar as mensagens obtidas por ataques hacker entre Moro e membros da Lava Jato. No julgamento, Fachin disse entender que os 14 recursos perderam o objeto e votou por negar provimento ao agravo regimental de Lula. Barroso acompanhou a posição de Fachin em seu voto. O ministro concorda com o colega ao dizer que a questão da suspeição ficou prejudicada em razão da decisão sobre a incompetência. Para ele, se o juiz sequer possui competência, não haveria razão para analisar a parcialidade.