Nonato Guedes
Fontes oficiais acharam por bem deixar claro, em conversa com o colunista, que o governador João Azevêdo (Cidadania) não está tendo qualquer participação ou envolvimento nas articulações que repercutem nos meios políticos focando na provável candidatura do deputado federal Efraim Filho (DEM) ao Senado e na suposta candidatura do deputado estadual Adriano Galdino, presidente da Assembleia Legislativa, a vice, na chapa que o governador vai liderar no próximo ano como candidato à reeleição. Não há restrição, veto ou desconforto do chefe do Executivo, conforme as fontes, com esses ensaios, que considera naturais entre líderes políticos, mas Azevêdo cuida, com prioridade máxima, do plano de governo, que contém metas importantes, e do combate à pandemia de coronavírus, mediante ação constante para assegurar vacinas para todo o Estado. O envolvimento em discussões políticas-eleitorais seria, portanto, extemporâneo, por esse raciocínio.
Os informantes lembram que a base de sustentação política do governador é formada por inúmeros partidos, além do “Cidadania”, ao qual ele é filiado, e que por ocasião das definições a serem tomadas para fechamento da chapa majoritária todas as legendas serão consultadas, expressando livremente opiniões sobre estratégias e até mesmo sugerindo nomes que possam ser levados em consideração. Apenas uma vez o governador admitiu a candidatura à reeleição em 2022 e o fez por cortesia à pergunta de um jornalista e também como tática para marcar posição no cenário estadual. “Foi um gesto que acabou servindo para orientar os próprios adversários, informados, então, de que o governador é candidato, e candidato competitivo”, acentua um interlocutor palaciano.
Desde que rompeu com a liderança do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), incomodado com atitudes personalistas e expansionistas do antecessor, João Azevêdo sentiu abrir-se diante dele a oportunidade de comandar um bloco político próprio no Estado, que não discriminou remanescentes do esquema ricardista interessados em se compor com a sua liderança e se fez flexível a alianças que fortalecessem o esquema de João, na Capital do Estado, em Campina Grande, e nos mais diferentes redutos do interior paraibano. A ação inicial, consumado o rompimento, foi focada na preservação (e até ampliação) da maioria de apoios na Assembleia Legislativa, com isto facilitando a aprovação de matérias encaminhadas pelo Executivo. Uma vez garantida essa governabilidade, o que se mantém incólume até hoje, o governador acatou palpites para dispor do seu partido na conjuntura local, em que tivesse liberdade para acomodar figuras dispostas a segui-lo nos passos da trajetória política empalmada a partir de 2018.
O “Cidadania” revelou-se opção adequada e fez sua estreia em alto estilo nas eleições municipais para prefeito em 2020, logrando conquistar prefeituras de cidades importantes. Mas, de forma hábil, o governador João Azevêdo não se fechou em copas dentro da agremiação que o acolheu após ser hostilizado por Ricardo Coutinho dentro do PSB – pelo contrário, conduziu o novo partido em que se fixou para o terreno das composições heterogêneas que elastecessem a base de sustentação política. Foi dentro dessa lógica que, em João Pessoa, o governador saiu vitorioso apoiando o candidato Cícero Lucena, do PP e indicando para vice dele um nome do “Cidadania”. Em Campina Grande, o esquema fiel a Azevêdo optou por coligar-se com o senador Veneziano Vital do Rêgo, em apoio à candidatura da mulher dele, Ana Cláudia Vital, à prefeitura. Veneziano estava em trânsito para outro partido, deixando as hostes do PSB, onde também não se sentia à vontade. Numa equação fulminante, retornou aos quadros do MDB, cuja presidência empalmou com a morte do senador José Maranhão.
Veneziano seria opção legítima e respeitável para a disputa ao governo em 2022, por toda a sua história e por representar um colégio eleitoral importantíssimo nos embates antológicos da crônica política da Paraíba e do Nordeste. Além disso, poderia se candidatar com margem de risco, já que, se fosse derrotado, não ficaria sem mandato, retomando a cadeira de senador. Mas ele fez outros cálculos políticos e avaliou que a estratégia correta, à vista, seria a de apoiar a candidatura do governador João Azevêdo à reeleição. O compromisso de apoio está apalavrado, evidente que condicionado a ratificação, no período oportuno, pela convenção partidária. Mas Veneziano move-se cautelosamente. O que se diz é que sua mulher, a secretária Ana Cláudia, pode ser opção para a vice de Azevêdo. E que Adriano Galdino pode ser acomodado numa suplência ao Senado ou com garantia de reforço para uma eventual candidatura à Câmara Federal.
Com ambos – o deputado federal Efraim Filho e o deputado estadual Adriano Galdino, o governador João Azevêdo se dá muito bem, o que é atestado, inclusive, por políticos adversários. As fontes palacianas alertaram que o chefe do Executivo não está envolvido nas articulações envolvendo os nomes deles “ainda”, o que quer dizer que deixará para se engajar no momento decisivo, quando for necessário dar a palavra final nas confabulações ou fazer valer o seu próprio direito de opinar sobre nomes que deseja ter ao seu lado na chapa majoritária que enfrentará o pleito de 2022. O senador Veneziano Vital, embora esteja adiantado na costura de apoios a uma virtual candidatura de Efraim a senador, é pragmático o bastante para “respeitar o tempo” do governador João Azevêdo e, principalmente, o seu cronograma de atividades até mergulhar de corpo e alma em uma nova campanha.
Não há vetos, mal-entendidos ou insatisfações na relação entre o governador João Azevêdo e aliados políticos que têm sido marcadamente relevantes do ponto de vista da colaboração para o êxito da atual administração. Mas não há açodamento da parte do chefe do Executivo. As articulações e dèmarches poderão continuar acontecendo entre quatro paredes ou em outros ambientes entre líderes políticos que fazem parte do bloco oficial. O governador, contudo, só entrará no jogo quando tiver cumprido outras missões mais urgentes que lhe exigem descortínio e rapidez de atitudes. Este é o cenário em vigor, sem tirar nem pôr, conclui um emissário da confiança do chefe do Executivo.