Repercutiu negativamente na mídia nacional, em sites e portais acreditados, a afirmação do ministro da Educação, Milton Ribeiro, na Paraíba, de que crianças de 9 anos não leem, “mas sabem colocar camisinha”. Ribeiro, que também é pastor da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração, foi enfático: “Respeito a orientação de todos, mas a gente não tem o direito de violar a inocência de uma criança”. Ele se manifestou nesse tom durante aula magna na Universidade Federal da Paraíba, esta semana, e sua fala também chocou e despertou críticas de professores, estudantes e outros ouvintes da explanação.
Além da aula magna, a convite do reitor Valdiney Gouveia, cuja indicação causou polêmica por ele ter sido escolhido em último lugar em lista tríplice oriunda de consulta à comunidade universitária paraibana e, mesmo assim, ser nomeado para o cargo, o ministro Milton Ribeiro manteve audiência com o governador João Azevêdoe o secretário de Educação, Cláudio Furtado, no Palácio da Redenção, onde recebeu reivindicações para projetos que estão sendo desenvolvidos na área. O ministro foi receptivo e prometeu encaminhamento das demandas. O nível da aula magna proferida pelo ministro causou estranheza junto à comunidade acadêmica e a setores intelectuais do Estado porque serviu para marcar posições em torno de ideologia de gênero, relegando-se a segundo plano, completamente, quaisquer informações ou análises sobre programas educacionais do governo do presidente Jair Bolsonaro.
A revista “Fórum” reproduziu um vídeo com trecho da fala do ministro Milton Ribeiro, na parte em que ele expressa: “Crianças com 9, 10 anos, não sabem ler, sabem tudo, com todo respeito às senhoras aqui presentes, sabem até colocar uma camisinha, mas não sabem que “b” mais “a” é “ba”; está na hora de dar um basta nisso”. O ministro-pastor acrescentou, na peroração: “Onde já se viu começar a discutir esses assuntos com crianças de 6 a 10 anos? Respeito a orientação de todos, mas a gente não tem o direito de violar a inocência de uma criança trazendo questões como “se você quiser ser homem é homem, se quiser ser mulher é mulher”. A “Fórum” lembra que não é a primeira vez que o pastor faz declarações absurdas desse tipo. Logo que assumiu o ministério, em entrevista, ele atribuiu o “caminho do homossexualismo” a “famílias desajustadas”.
– É claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) têm um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato, e caminhar por aí. São questões de valores e princípios – afirmou o ministro da Educação. Para a mídia nacional, o ministro Milton Ribeiro criticou políticas identitárias em aula magna na UFPB, o que teria ficado evidenciado na sua afirmação: “A natureza diz que ele é homem, mas eles querem dizer que a pessoa pode escolher”.