Nonato Guedes
Justiça seja feita: o governo do presidente Jair Bolsonaro investe na Paraíba, em obras estruturantes, relevando as divergências políticas-ideológicas que o governador João Azevêdo (Cidadania) mantém em relação ao mandatário. É uma postura que precisa ser assinalada por ser um diferencial no estilo de ação habitualmente cultivado pelo governo Bolsonaro, que de forma recorrente critica gestores do Nordeste por não darem crédito a realizações de impacto com assinatura federal. Ainda ontem, políticos locais celebraram a aceleração de serviços de duplicação na rodovia que demanda a Cabedelo – na verdade, um projeto grandioso e complexo que foi iniciado lá atrás e que teve execução mediante compromisso assumido pelo presidente da República e graças à cobrança feita por integrantes da bancada federal paraibana.
Registre-se a significação do evento realizado esta semana no Palácio da Redenção, com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e que além do governador paraibano João Azevêdo reuniu, virtualmente, governadores como o do Ceará, Camilo Santana, do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, e a vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos. O que esteve em pauta, ali, foi um pré-acordo do Projeto de Integração do rio São Francisco, definindo critérios contratuais para início da operação comercial dos serviços de operação e manutenção do sistema, negociados por intermédio da Câmara de Mediação e de Conciliação da Administração Pública Federal. A partir de agora, Estados da região favorecidos pelo projeto de transposição das águas passam a compartilhar os custos da obra redentora, como a qualificou o governador paraibano João Azevêdo, assegurando-se, assim, a sustentabilidade do arrojado programa.
Já haviam estado na Paraíba o ministro ilustre que é filho da terra e titular da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que também cumpriu agenda de trabalho com o governador João Azevêdo, demandando o encaminhamento de reivindicações no setor e, agora, se anuncia, através da senadora Daniella Ribeiro, do PP, a vinda, em maio, do ministro da Cidadania, João Roma. A senadora tratou com ele assuntos ligados a cestas básicas e outras ações emergenciais para famílias de baixa renda, que se encontram em situação de vulnerabilidade social. “Muitas pessoas perderam a renda durante a pandemia e não têm sequer o que comer. A questão da segurança alimentar torna-se imperiosa, principalmente nestes tempos de calamidade, e o ministro foi sensível às demandas formuladas”, relatou a senadora Daniella Ribeiro.
A respeito da visita do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, convém ressaltar que foi indiscutivelmente produtiva, pela circunstância de ter ocorrido numa fase aguda da pandemia de coronavírus enfrentada pela população paraibana, agravada pela falta de vacinas e pela incerteza quanto aos rumos que poderia tomar o Plano Nacional de Imunização no Estado. O sentimento dominante junto à sociedade era francamente de desesperança, de falta de perspectiva, com autoridades e representantes do povo enfrentando cobranças e pressões, tanto por medidas sanitárias urgentes e constantes como por medidas de caráter econômico e social que signifiquem respostas eficazes do poder público diante da emergência. A Paraíba ainda se debate com dificuldades para garantir emprego a milhares de pessoas e este é um desafio mais abrangente que exige ações articuladas e conjuntas entre governo federal e governo estadual.
Este dia Primeiro de Maio é assaz oportuno para que seja reforçada a reflexão por parte dos que fazem o poder público a respeito da tragédia paralela experimentada no Brasil, com 14 milhões de desempregados, milhares de postos de trabalho fechados e ausência de perspectivas quanto à retomada de normalidade das atividades econômicas e produtivas que possam gerar emprego e renda. A conjuntura agravou-se, naturalmente, por causa da escalada da pandemia que tornou inelutável o isolamento social, cuja consequência foi a interrupção de atividades econômicas. A previsão dos especialistas da área é de que o processo de recuperação é bastante lento, sendo temerário fixar prazos enquanto não houver resposta mais imediata sobre a imunização da população brasileira diante da covid-19. Em meio a tudo isso, não deixa de ser auspiciosa a atitude republicana do governo do presidente Jair Bolsonaro, despachando ministros para demandar reivindicações na Paraíba e ao mesmo intensificando obras estruturantes em cuja continuidade a população já não acreditava mais, por estar descrente de tudo, no contexto da conjuntura atípica que todo o país enfrenta.