Nonato Guedes
A imprensa paraibana sofreu um rude golpe, ontem, com a morte do jornalista e empresário Antônio Eduardo Carneiro (Dudu), 51 anos, vítima de complicações da Covid-19. Natural de Mulungu, formado em jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba em 1994, ocupou cargos de projeção nos principais jornais e emissoras de rádio do Estado, além de ter tido presença marcante no serviço público. Ultimamente era diretor adjunto de Comunicação da Câmara Municipal de João Pessoa, que, em nota, o definiu como “um espelho para todos os que com ele trabalharam”. Considerado um profissional ético, correto, um “construtor de amizades”, Eduardo foi secretário-executivo de Comunicação Social do Estado e destacou-se, principalmente, em veículos como o extinto jornal “Correio da Paraíba” e o jornal “A União”, que se mantém na sua versão impressa e online. Ele, também, dedicou-se ao ramo da gastronomia.
Entidades de classe do jornalismo, poderes constituídos e outros segmentos da sociedade paraibana lamentaram a morte de Eduardo Carneiro, como o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado e a Associação Paraibana de Imprensa. Nas redes sociais, inúmeros jornalistas prestaram homenagens a Eduardo Carneiro, ressaltando suas qualidades como uma pessoa simples, afetiva e solidária e um profissional competente e versátil. “Eduardo Carneiro fazia amigos por onde passava. Cativava a todos com seu bom humor e generosidade. O jornalismo perde um de seus grandes nomes”, registrou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba. Ele morreu no hospital da Unimed, onde se encontrava internado desde o dia 8 de março com complicações da Covid.
À frente do jornal “A União”, na gestão do executivo Rui Leitão, Eduardo Carneiro foi responsável, como editor geral, pela implantação da edição vespertina do mais antigo jornal do Estado. Em depoimento para o livro “A União – Escola de Jornalismo”, de Josélio Carneiro, Eduardo lembra que foi escolhido editor em eleição indireta na redação, uma inovação colocada em prática por Rui Leitão. O então superintendente anunciou que sua intenção era mudar radicalmente as feições gráficas do matutino centenário e transformá-lo em vespertino, sendo às 13h o horário programado para sua distribuição. Argumentou que, além de vencer a concorrência, pretendia conquistar um mercado pouco explorado. Na visão de Eduardo Carneiro, o objetivo foi alcançado em grande parte e “A União” voltou a circular nas rodas de conversas e, em alguns casos, a pautar os concorrentes.
– Trabalhar no jornal “A União” sempre me rendeu muito orgulho. Hoje me rende saudades. Saudades de um tempo em que a redação de jornal era construída de amizade, cumplicidade e amor pela profissão. O jornal escola me ensinou muito mais do que exercer o jornalismo. Foi lá, muito mais do que em qualquer outra redação, que entendi o verdadeiro significado da amizade e da cooperação. Na velha “A União”, todos os desafios, todas as barreiras, todos os problemas, se tornavam pequenos e eram vencidos com troca de experiências e muitas gargalhadas – relatou Eduardo Carneiro.