Nonato Guedes
No transcurso, ontem, de um ano da morte da ex-deputada federal e estadual Lúcia Navarro Braga, houve cerimônia religiosa na Paróquia de São Pedro e São Paulo, no bairro Brisamar, em João Pessoa, transmitida no canal da paróquia no Youtube e no Instagram da paróquia. Convites foram expedidos a amigos e familiares para participarem do ato religioso. Lúcia deixou viúvo o ex-governador da Paraíba, Wilson Leite Braga, que também estava internado no Hospital Nossa Senhora das Neves e faleceu nove dias depois, em 17 de maio. Foi um casal que marcou época na vida pública do Estado, com projeção no cenário nacional.
Wilson chegou a ser secretário da Câmara dos Deputados e Lúcia tornou-se a primeira mulher eleita deputada federal pela Paraíba, tendo cumprido mandatos de 1987 a 1995 e de 2003 a 2007. Também foi deputada estadual no período de 1999 a 2003. A parlamentar participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte em 1988, formando ao lado de grupos progressistas e de esquerda que desafiaram propostas conservadoras do chamado “Centrão”, dono de uma verdadeira tropa de choque na Câmara dos Deputados para impedir avanços no texto maior. Embora sua participação tenha sido restringida pela dedicação que teve que dar à sua filha, Patrícia, vítima de acidente automobilístico em Alfenas, Minas Gerais, e que faleceu anos depois, Lúcia Braga ganhou respeito pelas posições firmes, muitas vezes discrepando da orientação do PFL, partido a que era filiada.
Assistente Social, que presidiu a Fundação Social do Trabalho – Funsat, no governo do marido, Wilson Braga, eleito em 1982, Lúcia Braga morreu na UTI do Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, depois de apresentar problemas respiratórios e de ter ficado entubada. Houve suspeita de que estivesse com a Covid-19, mas o resultado do exame nunca foi, oficialmente, divulgado. Wilson Braga, por sua vez, faleceu de complicações da Covid. Ele não chegou a ser informado da notícia da morte da esposa. Na sua trajetória política, Lúcia divergiu do marido na eleição presidencial indireta em 1985, declarando preferência pela candidatura de Tancredo Neves, eleito no Colégio Eleitoral, enquanto Wilson Braga posicionou-se ao lado de Paulo Maluf. As divergências não provocaram maiores consequências na relação entre os dois.
Lúcia concorreu, ainda, sem êxito, à prefeitura municipal de João Pessoa, e ao governo do Estado, em 1994, tendo perdido a disputa para Antônio Mariz, que concorreu pelo PMDB. Wilson Braga encerrou sua carreira política como deputado estadual, depois de ter sido derrotado, por duas vezes, para o mandato de senador. Ele foi considerado um dos líderes mais populares da história política da Paraíba, enquanto Lúcia Braga foi elogiada, publicamente, por personalidades políticas como o ex-governador Leonel Brizola, que abonou sua ficha de filiação nos quadros do PDT após seu retorno ao Brasil, procedente do exílio, e por Tancredo Neves, sensibilizado com a declaração de preferência de Lúcia por sua candidatura. Wilson e Lúcia Braga pontificam na galeria de “benfeitores do povo paraibano”, pela sensibilidade social demonstrada no exercício de cargos públicos.