Nonato Guedes
Numa entrevista exclusiva à jornalista Cláudia Carvalho, do site “ParlamentoPB”, o ex-deputado federal Luiz Couto anunciou projeto de retornar à Câmara nas eleições do próximo ano, asseverando que, para tanto, recebeu estímulos da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros líderes de expressão nacional. “Eu quero participar da campanha para ajudar a eleger Lula presidente”, comentou Luiz Couto, que fez outra revelação: a hipótese de retorno do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) aos quadros do PT, onde iniciou sua trajetória política. Pelo seu relato, Ricardo tem conversado com representantes petistas, principalmente em torno da união das esquerdas para o pleito vindouro, mas não definiu nada sobre seu ingresso.
Luiz Couto perdeu a eleição para o Senado na disputa de 2018, embora tenha tido mais votos do que Cássio Cunha Lima (PSDB), que tentava renovar seu mandato. Na entrevista a Cláudia Carvalho, o ex-parlamentar disse que perdeu a campanha para o Senado por causa da compra de votos e também de uma orquestração montada para provocar sua derrota, citando como um dos “algozes” o ex-senador Ney Suassuna, atual suplente de Veneziano Vital do Rêgo (MDB). Na época, o então governador Ricardo Coutinho anunciou que permaneceria no mandato até o último dia para assegurar a vitória do seu candidato à sucessão, João Azevêdo, com quem rompeu em pouco tempo, e, ao mesmo tempo, contribuir para a derrota de Cássio Cunha Lima, de quem tinha sido aliado. Dentro dessa estratégia, Ricardo persuadiu Luiz Couto a trocar a Câmara pelo Senado, mas as duas cadeiras em jogo foram conquistadas por Daniella Ribeiro, do PP, e Veneziano Vital do Rêgo, que concorreu pelo PSB.
Mediante um acordo feito dentro das hostes do Partido dos Trabalhadores na Paraíba, a candidatura de Luiz Couto ao Senado abriu espaço para a candidatura do Frei Anastácio Ribeiro a deputado federal, tendo o religioso logrado êxito. Anastácio já anunciou que será candidato à reeleição e, ao comentar o fato, Luiz Couto disse ao “ParlamentoPB” que qualquer militante político tem o direito de pleitear mandatos, ressaltando que, em tese, há espaço para todos. Depois de ter sido derrotado ao Senado, Luiz Couto aceitou ocupar a Secretaria de Agricultura Familiar do Governo do Estado em 2019, na gestão de João Azevêdo, tendo sido exonerado depois de anunciar apoio a Ricardo Coutinho. O candidato apoiado por Azevêdo era Cícero Lucena (PP), afinal eleito, enquanto o PT teve a candidatura própria do deputado estadual Anísio Maia, que foi rechaçada pelo próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja manifestação foi de apoio a Ricardo Coutinho.
Durante os mandatos que exerceu na Câmara dos Deputados, Luiz Couto projetou-se pela atuação combativa, principalmente à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e, posteriormente como integrante da referida Comissão, tendo sido autor de denúncias de repercussão sobre ações de organizações criminosas na Paraíba, com ramificações por Estados do Nordeste. O então parlamentar enfrentou ameaças de morte e chegou a ser acompanhado por agentes da Polícia Federal em seu roteiro de atividades dentro e fora do Estado. Ultimamente, Luiz Couto parecia afastado de maiores atividades a nível do PT paraibano, que, aliás, está desarticulado e indefinido quanto a estratégias de reorganização. Mas, aparentemente animado pela perspectiva de volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, ele reapareceu no cenário. “A direção nacional do PT informou que é importante para o partido que eu seja candidato a deputado federal, e eu estou pronto a aceitar o desafio, também como parte da tática para ajudar a eleger Lula presidente”, finalizou.