O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), admitiu hoje que o colegiado poderá convocar o secretário de Saúde da Prefeitura Municipal de João Pessoa, Fábio Rocha, para prestar esclarecimentos em Brasília acerca de declarações negativas que fez sobre a atuação de membros da Comissão Parlamentar de Inquérito. Fábio Rocha causou impacto ao classificar membros da CPI da Covid de “palhaços institucionalizados”. Omar Aziz admitiu a convocação em entrevista ao programa “Correio Debate”, transmitido pela 98 FM de João Pessoa para uma rede de emissoras do Estado. O secretário municipal também foi ouvido e reafirmou a declaração, ressalvando apenas que foi uma “opinião pessoal”, não um pronunciamento em nome da administração do prefeito Cícero Lucena.
O senador Omar Aziz ressaltou que a CPI da Covid está entrando, agora, numa fase de consolidação dos seus trabalhos de investigação e que a repercussão do seu trabalho tem sido positiva na opinião pública. Segundo ele, a credibilidade alcançada dá autoridade à Comissão para tomar medidas mais duras contra autoridades, inclusive do governo federal, que estão sendo convocadas para esclarecimentos no âmbito da CPI e que estejam sonegando informações ou mentindo ostensivamente quanto a informes cobrados por senadores e órgãos técnicos que assessoram os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito. É nesse contexto que Aziz aventou a hipótese de reconvocação do atual ministro da Saúde do governo Bolsonaro, o cardiologista Marcelo Queiroga, e do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, este flagrado em manifestação política, sem máscara, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, no fim de semana.
O presidente da CPI da Covid salientou que oficialmente não há confirmação sobre depoimento de governadores como o da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania) ou do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), para falarem sobre medidas adotadas no enfrentamento à pandemia de coronavírus, bem como sobre supostas irregularidades que podem ter ocorrido na compra ou aquisição de equipamentos para o plano estadual de combate à epidemia. “Mas a CPI tem autonomia de convocar quem quer que seja, se julgar necessário”, enfatizou o senador Omar Aziz. Alertou, por fim, que os resultados e conclusões da CPI devem ser do interesse amplo de toda a sociedade, já que poderão fundamentar ações preventivas e punitivas na evolução das apurações que estão sendo feitas. Omar Aziz afirmou ao UOL que se o ex-ministro Eduardo Pazuello mentir de novo à comissão “sairá algemado da sessão”. O requerimento para a reconvocação de Pazuello será votado na quarta-feira.
– Não posso afirmar que vou prendê-lo, mas pode ter certeza que, se ele mentir…Se ele tiver um habeas corpus, eu não poderei prendê-lo. Manda ele sem habeas corpus lá, ele não vai brincar mais com a CPI e a população brasileira – comentou Omar Aziz. O senador disse que durante o primeiro depoimento Pazuello deu versões conflitantes sobre as negociações por vacina por parte do governo federal, por isso há o requerimento para ouvi-lo novamente. Aziz falou que, diferentemente do que aconteceu com o ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, cuja prisão foi pedida pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, o que foi descartado por ele )Aziz), um pedido de prisão, hoje, não afetaria a credibilidade da comissão. “Os próximos depoentes não esperam que eu tenha a paciência”.