Nonato Guedes, com agências
O presidente estadual do PDT, Renato Feliciano, informou que está engajado, na Paraíba, à campanha pela defesa da proposta em favor do voto impresso no sistema político-eleitoral brasileiro, deflagrada pela direção nacional do Partido Democrático Trabalhista. “Nós estamos seguindo a orientação partidária”, afirmou Renato Feliciano, descartando comparações com idêntica pregação defendida ostensivamente pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, divulgou um vídeo informando que o partido defendia a ideia de imprimir o voto muito antes do movimento de direita chegar ao poder no país. Lembrou que a bandeira foi encampada pelo ex-governador Leonel Brizola quando ganhou corpo a urna eletrônica no país.
Carlos Lupi, no vídeo, questionou a garantia de lisura do processo eleitoral brasileiro na atual conjuntura. Nas palavras dele, “sem a impressão do voto não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera”. Lupi disse entender que a pauta está alinhada a pessoas mais à direita, porém, isso não impede o PDT de abraçar a causa. Para isso, usou o argumento de que defender a democracia é “salutar” e lembrou que há 25 anos, desde o surgimento da urna eletrônica, o líder do partido, Leonel Brizola, apoiava a impressão do voto. “Quando tiver alguma desconfiança, alguma votação diferente de locais, você pode conferir esse voto”, explica. “Esse é o segredo de toda a democracia no mundo: a possibilidade de recontagem”, continuou.
Brizola defendeu a impressão do voto quando estava atrás da candidata do PT, Benedita da Silva, em pesquisas do Instituto Datafolha ao governo do Rio de Janeiro. Em outubro de 2000, o pedetista chegou a afirmar que “manobras” estavam levando Benedita ao segundo turno. De acordo com matéria publicada na época pelo jornal Folha de S. Paulo, ele acusou o sistema de apuração eletrônica e falou a favor da volta da cédula de papel. “Perdemos o direito à recontagem”, queixou-se. O ex-ministro Ciro Gomes, que pretende novamente se candidatar a presidente da República pelo PDT em 2022, posicionou-se reagindo a críticas dos correligionários. Através de redes sociais, Ciro defendeu o retorno do uso de cédulas impressas no sistema eleitoral brasileiro, classificando a medida como um “aperfeiçoamento da urna eletrônica”.
A Câmara dos Deputados instalou no último dia 13 uma comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição do voto impresso. A presidência e a relatoria do colegiado são de aliados do presidente Jair Bolsonaro, respectivamente, os deputados Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) e Filipe Barros (PSL-PR). O projeto é a principal bandeira da presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputada Bia Kicis (PSL-DF). Especialistas ouvidos pela Comissão do Voto Impresso na Câmara, porém, defenderam o sufrágio eletrônico, ressaltando a evolulão do sistema eleitoral como inevitável no país. O presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos de Almeida Camargo, e o CEO da Russel Redford Brasil, empresa de auditoria com sede nos EUA, Roger Maciel, disseram que do ponto de vista científico não há provas de fraudes no sistema de voto brasileiro e que o processo eleitoral do país é, sim, auditável. “Nós precisamos olhar para frente e utilizar a tecnologia ao nosso favor”, acrescentou Marcos Camargo.