Nonato Guedes
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista ao “Correio Debate”, transmitido pela rádio “Correio” e por um “pool” de emissoras do Estado, afirmou, hoje, que, pessoalmente, gostaria de ver o ex-senador Cássio Cunha Lima participando das eleições no próximo ano por considerar que ele foi um parlamentar atuante no Congresso Nacional e também deixou sua marca como governador da Paraíba. Mas Doria expressou que a opinião não significa qualquer tentativa de interferência ou ingerência nas decisões políticas do partido em nosso Estado, significando mesmo um reconhecimento a Cássio, que estendeu ao pai dele, o poeta e ex-governador Ronaldo Cunha Lima (falecido) e ao filho, o deputado federal Pedro Cunha Lima. João Doria declarou que a prioridade nacional, atualmente, deve ser o enfrentamento à pandemia de Covid-19 e não o debate político. E qualificou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como “um psicopata”, referindo-se à postura negacionista que o mandatário tem assumido quando confrontado com a gravidade do coronavírus.
Dentro dessa linha de raciocínio o gestor paulista evitou comentários a respeito de uma provável candidatura sua a presidente da República nas eleições do próximo ano, limitando-se a comentar que não acredita numa bi-polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que aposta na receptividade a uma “terceira via”, que seja uma opção política de centro-liberal. João Doria confessou-se arrependido por ter apoiado a candidatura de Jair Bolsonaro a presidente da República em 2018 e salientou que, como a maioria, foi iludido pelos acenos de liberalização econômica e avanços na pauta institucional, citando como um possível exemplo a nomeação do ex-juiz Sérgio Moro para o ministério da Justiça e a de Paulo Guedes para a economia. Entretanto, na sua avaliação, Bolsonaro traiu compromissos assumidos, decepcionou eleitores e aliados e tem adotado posturas extremas que, a seu ver, em nada contribuem para o processo democrático no país.
O governador de São Paulo falou do empenho da sua gestão para acelerar o processo de vacinação da população contra a Covid-19 através do Plano São Paulo, que compreende inúmeras etapas e que passa por parcerias com China e outros países para a fabricação de imunizantes, levando em consideração os parâmetros da ciência e os procedimentos da medicina. João Doria frisou que se tivesse havido uma postura mais firme, de liderança, por parte do governo federal, uma parcela bem significativa da população brasileira possivelmente estaria vacinada a esta altura, evitando-se que o País experimentasse estatísticas alarmantes de óbitos como os que têm sido registrados diariamente. Doria enalteceu a competência dos profissionais do Instituto Butantan, em São Paulo, e o espírito de colaboração da maioria da população, lamentando que o governo federal insista em atitudes diversionistas estimuladas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.
O governador de São Paulo respondeu a perguntas dos jornalistas Lázaro Farias, Víctor Paiva e Josival Pereira, e evitou assumir, em qualquer instante, uma provável candidatura ao Palácio do Planalto. Por fim, minimizou a repercussão do recente encontro mantido entre os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), observando que se tratou de agenda meramente institucional e que, pessoalmente, não vê sinais de possível aliança entre tucanos e petistas nos embates do próximo ano.