Nonato Guedes
O ministro da Saúde do governo Bolsonaro, o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, mantém-se na linha de tiro não apenas no âmbito da CPI da Covid no Senado, onde é alvo constante de opositores do governo, mas de governadores que não se afinam com o Planalto e reclamam de demora na entrega de vacinas contra a doença. Ontem, nas redes sociais, houve bate-boca entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e o ministro. Por sua vez, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou Queiroga no Twitter, considerando inadmissível o silêncio dele diante da decisão tomada pelo governo de realizar a Copa América no Brasil.
Renan, que é relator da Comissão Parlamentar de Inquérito e pai do governador de Alagoas, classificou o torneio como “suicídio” e afiançou que o ministro “é omisso” por não se posicionar de forma contrária à realização da competição. “Queiroga não é ministro da Saúde, é o ministro da Omissão e do Silêncio. Não emite juízo sobre nada. Nem mesmo agora, com esse suicídio de trazer torneio internacional., Ele é médico, devia dizer não à insensatez. E o que faz? Cala-se! É omisso, infelizmente”, tuitou o parlamentar. Logo após o anúncio de que o país seria sede da Copa América, Renan se manifestou também pelo Twitter: “Com mais de 462 mil mortes, sediar a Copa América é um campeonato da morte. Sindicato de negacionistas: governo, Conmebol e CBF. As ofertas de vacinas mofaram em gavetas mas o ok para o torneio foi ágil. Um escárnio”.
Já o governador de São Paulo, João Doria, acusou o governo federal de não se importar com vidas na pandemia, alegando que o Estado ainda não recebeu parte das doses da vacina da Pfizer que chegaram no Brasil e foram entregues no Ministério da Saúde. “Descaso com a vida dos brasileiros. Ontem, o Ministério da Saúde recebeu 936 mil doses da vacina Pfizer em Viracopos (SP). Surpreendentemente, até agora, São Paulo não recebeu nenhuma dose. A resposta do Ministério da Saúde é de que era feriado. Pelo visto, para o governo federal, vidas não importam”, escreveu Doria no Twitter. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, contestou o governador de São Paulo e assegurou que há tentativa de politização em torno das vacinas e que o governo federal não tem discriminado Estados na distribuição de imunizantes para combater o coronavírus.
O Brasil chegou a 16.803.472 casos de Covid-19 já confirmados no país. Apenas nas últimas 24 horas foram 83.391 novos casos e cerca de 1.682 óbitos. Já o número total de mortes chegou a 469.388 e o número de pessoas recuperadas totalizou 15.228.983. O ranking de Estados com mais mortes pela Covid é liderado por São Paulo (113.441), Rio de Janeiro (51.320) e Minas Gerais (40.880). Enquanto isso, as unidades da federação com menos óbitos são Roraima (1.649), Acre (1.680) e Amapá (1.712). Em relação aos casos confirmados, São Paulo também lidera, com 3,3 milhões de casos. Minas Gerais com 1,6 milhão e Paraná com 1,1 milhão de casos aparecem na sequência. O Estado com menos casos de Covid é o Acre (82,9 mil), seguido por Roraima e Amapá.