Nonato Guedes
O deputado estadual Walbber Virgolino, do Patriota, não apenas torce como acredita que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vai se filiar à agremiação a que o parlamentar pertence e pela qual disputou a prefeitura municipal de Pessoa nas eleições de 2020. Virgolino disse ter tido informações do presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, de que a filiação de Bolsonaro é iminente, e estaria sendo articulada diretamente pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do mandatário, que assinou ficha na legenda recentemente. O ingresso de Bolsonaro é cortejado por outras outras siglas, que lhe fizeram convites, como o PTB.
Na Paraíba, aliados bolsonaristas estão em posição de expectativa por acreditarem que a opção de Bolsonaro fortalecerá o partido que ele escolher, dando-lhe capilaridade na disputa por mandatos parlamentares no pleito do próximo ano. O PTB passou a ser dirigido no Estado pelo comunicador Nilvan Ferreira, que também foi candidato a prefeito de João Pessoa, concorrendo pelo MDB, e logrou avançar para a disputa do segundo turno, enfrentando o atual prefeito Cícero Lucena, do PP. Um outro aliado declarado do mandatário é o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, virtual candidato ao governo do Estado. Ele é filiado ao PSD, onde as chances de filiação de Bolsonaro são restritas, diante da tendência do presidente nacional, Gilberto Kassab, de fechar com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O deputado federal Julian Lemos, do PSL, que está distante do presidente da República, embora vote favoravelmente a matérias do governo no Congresso, não descarta nem mesmo um retorno dele à sigla, pela qual foi vitorioso na disputa ao Palácio do Planalto em 2018, mas admite dificuldades na concretização desse plano. A divergência maior de Julian Lemos é com filhos de Bolsonaro, com os quais tem polemizado até de forma acirrada em redes sociais. A mídia sulista chegou a revelar que o presidente imporia, como condição para voltar ao PSL, o “expurgo” de alguns filiados, tendo citado nominalmente Julian Lemos. Flávio Bolsonaro, que é considerado como uma espécie de “conselheiro” do pai, tem recebido missões dele, entre as quais a de buscar um partido que acomode o presidente na estratégia para disputar a reeleição.
De acordo com matéria da revista “Veja”, o senador, até então, achava que o ideal era o presidente aderir a uma legenda de grande porte, capaz de lhe garantir tempo de televisão e recursos públicos comparáveis aos que o PT terá na próxima campanha presidencial. Sua preferência era mesmo pelo retorno ao PSL, mas a cúpula do partido resistiu a receber de volta Bolsonaro, que deixou a sigla atirando. Na semana passada, Flávio Bolsonaro assinou a sua ficha de filiação ao Patriota, que conta com seis deputados. Ele ainda levou o presidente nacional Adilson Barroso para um encontro com o pai, no qual Bolsonaro foi convidado a se filiar à legenda. O presidente não respondeu ainda. Caso a adesão seja confirmada, o plano de Flávio de garantir ao pai estrutura de campanha equiparável à do PT não será necessariamente frustrado. Hoje, o senador estima que Bolsonaro terá mais recursos e tempo de propaganda que o candidato petista, desde que mantenha a aliança com o chamado “Centrão”. Partidos como PP, PR e PL serão contemplados com cargos e verbas federais em troca da manutenção do apoio a Bolsonaro.