Nonato Guedes
Sem entrar no mérito da elegibilidade ou não do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que tem pendências judiciais a resolver, o deputado federal Efraim Filho, do Democratas, revelou que não teme enfrentar o ex-gestor na corrida por uma vaga ao Senado Federal nas eleições do próximo ano, caso ele seja mesmo candidato. Em entrevista a emissoras de rádio do Sertão, Coutinho asseverou que será candidato a senador e que está incluído no projeto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o pleito do próximo ano. “Eu sou candidato. Estou dentro de um projeto em que a América Latina toda está mudando, o povo se organizando, e espero que o Brasil passe por isso também”, pontuou Coutinho, manifestando intenção de conversar com Lula e outros líderes políticos.
O deputado Efraim Filho, que conta com o apoio do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), de deputados federais e estaduais de vários partidos e de prefeitos municipais para fortalecer seu projeto ao Senado, salientou – a propósito de uma possível candidatura de Ricardo – que é direito de qualquer cidadão, em dia com suas obrigações, concorrer a cargos eletivos. Frisou que, nessa linha de raciocínio, não faz restrição a quem quer que seja, mas também não tem receio de enfrentamento. “Vou ser candidato ao Senado para resgatar o papel importante da Paraíba no cenário nacional e contribuir com o avanço das conquistas que estão sendo implementadas”, assinalou Efraim, atribuindo, também, a postulação, a uma consequência natural da trajetória que tem empreendido na vida pública do Estado. O parlamentar integra o esquema político do atual governador João Azevêdo (Cidadania).
Em relação ao ex-governador Ricardo Coutinho, a confirmação de sua candidatura é incerta, tendo em vista que recentemente ele teve mantida a inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral. Embora responda a processos no âmbito da Operação Calvário, que trata de desvio de recursos da Educação e da Saúde quando esteve à frente do governo, Ricardo não foi sentenciado por órgão colegiado. As pendências que configuram situação de inelegibilidade são remanescentes da campanha eleitoral de 2014, quando foi declarado vencedor à reeleição contra o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB) e, ao término do mandato, deparou-se com o acolhimento de denúncias sobre abuso de poder político e econômico naquele pleito. Interlocutores de Ricardo asseguram que ele é confiante numa reversão da inelegibilidade, acreditando que será beneficiado da mesma forma como o ex-presidente Lula da Silva, que teve condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal e tornou-se elegível para 2022.
Ricardo Coutinho, nas declarações a jornalistas do Sertão, confessou que gostaria de ser candidato ao governo do Estado pela terceira vez, mas entende que a conjuntura dominante no Brasil requer que a Paraíba “tenha uma voz com estatura e coragem para representar o povo e fazer o grande debate”. Na campanha eleitoral de 2020, Ricardo Coutinho candidatou-se a prefeito de João Pessoa pela terceira vez mas ficou entre os últimos lugares no ranking da disputa vencida por Cícero Lucena. Ele chegou a ter o apoio declarado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ignorou a candidatura própria do PT, representada pelo deputado estadual Anísio Maia, com baixo desempenho nas urnas. O deputado Efraim Filho relembrou, ontem, o episódio da derrota do ex-governador Ricardo Coutinho em 2020 para argumentar que ele colheu frutos do desgaste político-administrativo. De sua parte, enfatiza que seu projeto é realista, “com o pé no chão”, mas é fortemente ancorado por compromissos com os interesses da população paraibana e pelo respaldo de líderes “que estão optando naturalmente pela perspectiva de renovação no Senado”. A vaga que estará em jogo é ocupada por Nilda Gondim, que assumiu como suplente de José Maranhão (MDB), no episódio da sua morte, por complicações de Covid-19.