Nonato Guedes
Indagado, pela enésima vez, por jornalistas, sobre as eleições do próximo ano, em que deverá concorrer à reeleição, o governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), pôs um freio em qualquer discussão antecipada, pontuando que vai ficar mesmo para 2022 a formação da chapa com que subirá nos palanques. Em contrapartida, o chefe do executivo demonstrou que está colhendo resultados no que mais lhe agrada, neste momento, que é o desafio de governar o Estado e manter o equilíbrio fiscal e financeiro e a agenda de desenvolvimento em plena pandemia de coronavírus. “È um governador que fala pouco, mas age”, disse o deputado federal Julian Lemos (PSL), que vota com o governo Bolsonaro na maioria das matérias enviadas ao Congresso mas se assumiu como um aliado da atual gestão paraibana.
O deputado de primeiro mandato, que possui divergências com filhos de Bolsonaro e com o próprio presidente mas não rompeu totalmente com seu governo, avançou na aproximação com o governador João Azevêdo ao anunciar que este pode contar com sua colaboração e empenho. Julian Lemos é atuante na área da Segurança – segmento que, ontem, recebeu investimentos de vulto do governo estadual, e prometeu cobrar da tribuna da Câmara a destinação de volume maior de recursos para o Estado, lembrando que reivindicar é uma das suas funções e que, além disso, cabe-lhe trabalhar concretamente para que tais recursos sejam viabilizados, no interesse do desenvolvimento da população paraibana. O deputado deverá se candidatar à reeleição a bordo de um partido que em 2018 foi pilotado pelo candidato Jair Bolsonaro na tentativa de se eleger presidente. Como a mídia já destacou, Bolsonaro desfiliou-se do PSL por divergências insuperáveis e tem sido barrado ao tentar voltar, devido à exigência de “porteira fechada” para controlar a legenda, o que sofre resistências.
João Azevêdo deixou claro que as ações e investimentos na Segurança Pública objetivam a modernização do setor, com otimização dos serviços prestados à população, e a atitude proativa não foi elogiada apenas pelo neo-aliado Julian Lemos, mas por parlamentares que mesmo dissonantes da cartilha do governador reconhecem a necessidade de reforço à Segurança Pública, agravada pela imperiosidade do quadro de pandemia da Covid-19. Mas, no paralelo, o governo do Estado tem anunciado um verdadeiro pacote – quer de realizações, quer de atração de investimentos geradores de emprego e renda para o território paraibano, quer de iniciativas focadas na eficiência do serviço público. Em alguns setores afirma-se que tem havido uma resposta concreta da administração no sentido de mostrar que não está paralisada por causa da calamidade.
É claro que o governo não baixou a guarda no enfrentamento à pandemia de Covid. As ações têm sido cada vez mais coordenadas e planejadas de forma a fazer o Estado da Paraíba avançar no ranking nacional de vacinação por grupos sociais, agora saindo da faixa dos grupos exclusivamente prioritários para alcançar um contingente mais expressivo, dentro da estratégia de conter o alastramento da doença. A Secretaria Estadual de Saúde, a esse respeito, continua procurando se manter criteriosa na sistemática de distribuição das doses de imunizantes variados que têm chegado com regularidade à Paraíba – e a projeção é de que a diversificação de vacinas, com a garantia da sua aquisição, facilita amplamente a disseminação de ações articuladas e focadas no interesse geral.
Do ponto de vista da conjuntura política-eleitoral para o próximo ano, esta foi a segunda vez, em uma semana, que o governador João Azevêdo viu-se na contingência de emitir posições destinadas a funcionar como radar palaciano para essa controvérsia. Ele já havia dito que as alianças partidárias para as eleições futuras somente serão conhecidas, de fato, após os lançamentos das candidaturas ou nomes à presidência da República. “A partir da pré-definição é que começarão a ser construídas as alianças partidárias viáveis, de acordo com a realidade dos Estados”, observou Azevêdo em entrevista à rádio Pop. Chamou a atenção para o fato de que há incerteza, inclusive, sobre como serão mesmo as regras eleitorais em 2022, o que inibe passos mais velozes de líderes políticos, partidários ou presumíveis postulantes.
Além do comedimento expresso na postura do governador João Azevêdo com relação ao pleito vindouro, vai-se tornando conhecida uma ponta da sua estratégia político-eleitoral em meio às interrogações que perduram e ainda vão perdurar por um certo tempo nos meios políticos: é a de fortalecimento do bloco que vai lhe dar respaldo para tentar a reeleição contra rostos ainda não identificados, mas já especulados no noticiário. O pleito de 2022 será diferente para o atual chefe do Executivo porque, desta feita, ele será o comandante maior de um esquema de forças que entrará em campo disposto a ganhar – contrariamente a 2018, quando outro governante, aboletado na cadeira, comandou o processo de disputa. Esse cenário impõe dosagem redobrada de habilidade para o governador João Azevêdo, em meio a armadilhas que adversários, até mesmo ex-aliados recentes, tentam colocar como obstáculos ao projeto de reeleição ao Executivo Estadual.