Reunida, ontem, a Executiva nacional do Democratas decidiu expulsar o ex-presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (RJ), das suas fileiras. Ele entrou em atrito com a sigla à época da eleição para sua sucessão no comando da Casa, vencida por Arthur Lira (PP-AL), no início do ano. “A comissão nacional, à unanimidade de votos, deliberou pelo cometimento de infração disciplinar e consequente expulsão do deputado”, destaca um trecho da nota oficial sobre a punição. Maia apoiava seu aliado Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pela presidência da Câmara. Baleia tinha também apoio de partidos da oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
A maioria dos demistas, porém, ficou do lado de Lira, aliado de Bolsonaro, naquele episódio. O ex-presidente da Câmara ficou sem clima entre os deputados da sigla e entrou em atrito, também, com a cúpula da legenda. A bancada do partido na Câmara decidiu pedir a expulsão do deputado depois de Rodrigo Maia atacar o presidente da sigla, ACM Neto, em redes sociais. As frases do deputado vieram depois de o presidente da sigla criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). “Este baixinho não tem caráter. E ainda tem um pouco de pessoas que acreditam nele”, escreveu o deputado sobre o presidente do partido, entre outras afirmações.
– Foram comentários infantis e ofensas desnecessárias a ACM Neto, que refletem a tentativa de gerar constrangimento. Tem sido pior para ele (Maia) – escreveu o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), quando divulgou que a bancada pediria a sua expulsão. O pedido para expelir o ex-presidente da Câmara do partido foi formulado pelo próprio Efraim e por Arthur Maia (DEM-BA), desafeto de Rodrigo Maia. Comentando o processo de expulsão, o ex-presidente da Câmara reagiu: “O presidente Torquemada Neto usando seu poder para proibir críticas à sua gestão”. A alusão é a Tomás de Torquemada, um dos personagens mais importantes da Inquisição, a perseguição sistemática e violenta promovida pela Igreja Católica na Europa a quem não aparentava seguir seus dogmas. O espanhol Torquemada viveu de 1420 a 1948.
Maia também afirmou em sua conta no Twitter que o “partido diminuiu. Virou moeda de troca junto ao governo Bolsonaro. Agora é virar a página e juntar forças para um projeto de desenvolvimento do Brasil e em prol dos brasileiros”. Rodrigo é deputado federal desde 1998. Todas as vezes foi eleito pelo DEM, ou PFL, nome que o partido teve até 2007. Presidiu o partido de 2007 a 2011. Também já foi filiado ao PTB e, antes de ser eleito, ao PDT. Maia deverá agora buscar uma nova sigla e a mais cotada é o PSD, para onde já foi seu aliado Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, devendo desembarcar outros integrantes do seu grupo político. A Executiva nacional do DEM revelou ter assegurado amplo direito de defesa ao parlamentar, decidindo por aprovar o voto da relatora, deputada Professora Dorinha.