Nonato Guedes
O deputado federal Efraim Filho (DEM-PB), líder do Democratas na Câmara, afirmou que a expulsão de Rodrigo Maia (RJ) das fileiras do partido foi “a decisão mais correta a ser tomada”, explicando que já não havia mais ambiente saudável de convivência do ex-presidente da Câmara com a bancada, para onde ele retornou após concluir mandato à frente da instituição. Efraim Filho, em declarações ao site “O Antagonista”, observou que o agora ex-colega de partido foi “injusto” nas brigas com o presidente nacional da legenda, ACM Neto, que se intensificaram quando da eleição do deputado Arthur Lira (PP-AL) para o comando da Casa.
“O Rodrigo foi injusto com ACM Neto. O que ocorreu não foi traição, como ele disse, foi falta de votos dentro da própria bancada para apoiar o deputado Baleia Rossi (MDB-SP). E o Rodrigo sabe que não faltaram avisos e alertas”, prosseguiu Efraim Filho, emendando: “Quem explode pontes não quer fazer caminho de volta. Então, encerra-se o caminho de Rodrigo Maia no DEM e ele, agora, vai seguir outra viagem”. Os desgastes de Maia com o partido se acentuaram na eleição de Arthur lira em fevereiro deste ano. Efraim Filho relatou que, por diversas vezes, na condição de líder, “alertou” o então colega sobre a falta de apoio a Baleia Rossi, o candidato de Maia à sua sucessão.
Depois de ter sua expulsão do DEM deliberada pela Executiva nacional, Rodrigo Maia fez desabafos e atacou frontalmente o presidente nacional da sigla, ACM Neto, chamando-o de “Torquemada baiano”. O ex-presidente da Câmara considerou-se vítima de um processo de inquisição dentro do seu ex-partido e acusou que o Democratas passou a conviver, “perigosamente”, com influências do grupo político que apoia o esquema bolsonarista na Câmara. O deputado Elmar Nascimento, do DEM da Bahia, evitou criticar o ex-amigo Rodrigo Maia. “Isso é página virada, o Rodrigo é página virada para o DEM”, comentou. Até o fim do ano passado, o baiano jurava que poderia contar com o apoio do então presidente da Câmara na disputa pelo comando da Casa. Maia, porém, acabou decidindo pela candidatura de Baleia Rossi e Elmar passou a apoiar Arthur Lira, do PP. Na época, Elmar se disse “traído inexplicavelmente por quem considerava o melhor amigo”. Depois, Elmar, ex-líder do partido na Câmara, afirmou, já no início de janeiro, que não queria mais relação com Maia.
Em entrevista à CNN Brasil, Rodrigo Maia afirmou que prefere perder uma eleição do que se alinhar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele admite que foi no episódio da eleição à sua sucessão para presidente da Câmara que começou o desentendimento seu com o ex-prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães Neto e que culminou na expulsão de Maia, por unanimidade, pela Executiva nacional. “Eu não queria, de forma alguma, como o Democrata quis, ganhar com Bolsonaro”, enfatizou. Agora, o deputado pelo Rio de Janeiro terá de decidir a qual legenda se filiará. A bolsa de apostas indica o PSD como a grande opção, mas ele tem convites de outros partidos, como o MDB. Rodrigo asseverou que pretende trabalhar até a eleição de 2022 em conversas com políticos defensores da democracia, o que, em sua concepção, não inclui o grupo de Jair Bolsonaro.