Nonato Guedes, com agências
A Executiva nacional do PSDB definiu na tarde de ontem as regras para a escolha do candidato do partido à presidência da República nas eleições de 2022, ficando acertado que a decisão pelo nome do partido ao posto de chefe do Executivo se dará pelo voto de quatro grupos, com peso unitário de 25% cada. Com a decisão, a proposta feita pelo governador de São Paulo e pré-candidato ao Planalto, João Doria, e seu aliado, o presidente estadual do partido em São Paulo, Marco Vinholi, foi recusada, infligindo ao político a primeira derrota antes mesmo das prévias, que ocorrem em 21 de novembro. Os dois propuseram, na última reunião da Executiva em 8 de junho, que os votos de filiados e mandatários do PSDB tivessem um peso maior, de 50%, do que os outros grupos votantes.
Poderão decidir o candidato do partido filiados (grupo 1), prefeitos e vice-prefeitos (grupo 2), vereadores, deputados estaduais e distritais (grupo 3), e governadores, vice-governadores, deputados federais, senadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional. Em nota, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou que o próximo passo é fazer “um processo transparente, com qualidade e motivação” e que esse é um momento de “grande demonstração de democracia interna”. Por sua vez, o coordenador da Comissão das Prévias, José Aníbal, revelou que as novas regras farão com que “os pré-candidatos, em condições igualitárias de disputa, saiam em busca da militância do partido”. Qualquer nome filiado ao PSDB pode se candidatar à presidência da República.
Fontes políticas de Brasília avaliam que o governador de São Paulo, João Doria, terá problemas em conseguir a maioria dos votos para ganhar as prévias, tendo em vista que concorrerá com nomes históricos do partido, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o senador Tasso Jereissati (CE). Sem o peso dobrado para filiados de São Paulo, que aprovam a gestão do governador durante a pandemia, a disputa fica mais difícil para Doria. Mas, justamente ontem, ele confirmou publicamente, pela primeira vez, que pretende disputar a presidência da República em 2022. O anúncio foi feito em entrevista à Folha de S. Paulo logo após a votação da Executiva nacional do PSDB, contrariando proposta defendida pelo grupo político do mandatário estadual. “Vamos disputar as prévias, respeitando todos os candidatos. Mas vamos trabalhar para vencer. E somar forças com todos para fortalecer a candidatura do PSDB, ajudando o Brasil”, declarou Doria. Nas pesquisas de intenção de votos que já vêm sendo divulgadas, Doria tem marcado 1 dígito. No levantamento do Instituto Datafolha, publicado em maio, por exemplo, o governador paulista aparece com 3% das intenções de voto contra 41% do líder, o ex-presidente Lula da Silva, e 23% do ex-presidente Jair Bolsonaro.