Os senadores da CPI da Covid instalada no Congresso Nacional devem modificar o status do ministro da Saúde, o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, diante das investigações travadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito. Queiroga, que já prestou dois depoimentos no Senado, deve passar a ser oficialmente investigado. De acordo com o jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, a mudança na condição do ministro foi informada pelo senador Renan Calheiros, do MDB-AL, relator da comissão. A avaliação é de que Queiroga não tem autonomia em suas funções na pasta.
Os senadores do chamado G7, formado por independentes e oposicionistas, devem anunciar essa mudança oficialmente em coletiva de imprensa, e as versões indicam que também deverão integrar essa lista os ex-ministros Eduardo Pazuello, da Saúde, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, e o ex-chefe da Secom, Fábio Wajngarten. Outros nomes ainda podem ser incluídos. Enquanto isso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que irá solicitar à presidência da CPI da Covid um novo depoimento do ex-governador do Rio, Wilson Witzel. “Acreditamos que o ex-governador ainda tem muito a falar e não podemos deixar o relatório da CPI ser atingido por interferência e intimidações externas”, disse Rodrigues no Twitter.
Witzel prestou depoimento, ontem, mesmo tendo um habeas-corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal. Ele disse que iria porque “há muito e muitos a serem investigados”. Mas decidiu utilizar o seu direito no meio do depoimento e a sessão da comissão foi encerrada. A saída de Witzel se deu após bate-boca com o senador Jorginho Mello (PL-SC), bolsonarista e vice-líder do governo no Congresso. Mello acusou o ex-governador do Rio de “envergonhar a magistratura e a população do Estado do Rio”. Declarou, ainda, que o ex-governador fez uma “lambança” quando chegou ao poder. Na sequência, Witzel acusou Mello de estar fazendo acusações levianas contra ele. Durante o depoimento, Witzel contou que sofrei uma perseguição judicial e que um dia a verdade vai aparecer. Informou, também, que corre risco de morte.
– Você pode ter certeza, senador Renan Calheiros, que eu corro risco de vida (sic). Eu tenho certeza, porque a máfia da saúde no Rio de Janeiro e quem está envolvido por trás…tenho certeza que tem miliciano envolvido por trás disso. Eu corro risco de vida com minha família – frisou. O ex-governador disse que a omissão do governo federal e a sua atuação negacionista devem ser julgadas não apenas no Brasil como no Tribunal Internacional, e os responsáveis devem ser condenados. Além de perseguição judicial, Witzel contou que passou a sofrer retaliação do governo federal após ser acusado de interferência na Polícia Civil do Rio de Janeiro por causa das investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL. “A partir daquele momento, do caso Marielle, percebi que o governo federal e o próprio presidente começaram a me retaliar. Tivemos dificuldade de conversar com ministros”.