Nonato Guede
O deputado federal em exercício Rafael Pereira de Sousa (Rafafá), do PSDB da Paraíba, vai reunir no dia dois de julho a bancada nordestina na Câmara e a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) para debater os prejuízos causados com a não realização, pelo segundo ano consecutivo, dos festejos de São João no Nordeste, em virtude da pandemia do novo coronavírus. O parlamentar salientou que pretende encontrar soluções que possam contribuir com a recuperação econômica da região, citando que a suspensão das festividades ocasionou um prejuízo de cerca de R$ 3 bilhões para os municípios brasileiros que celebram a data com grandes eventos, principalmente os localizados na região Nordeste, segundo informou o Ministério do Turismo.
– Precisamos discutir o tema que afeta milhares de pessoas em todo o Brasil, mas, principalmente, na região Nordeste. A não realização das festas afeta diretamente a vida de muitas pessoas, que dependem dessas comemorações para garantir o sustento da família. Para nós, o São João é a data mais importante do ano, pois, além da manutenção da cultura, promove a melhoria da qualidade de vida do nosso povo, gerando emprego e renda. Farei essa proposta aos meus colegas deputados nordestinos para que possamos encontrar soluções que venham a amenizar os prejuízos causados pela não realização de eventos juninos – acrescentou “Rafafá”. A Unale está sendo presidida, em exercício, pelo deputado estadual Ricardo Barbosa (PSB), que tem raízes em Campina Grande e deverá ser sensível à discussão do assunto.
Conforme “Rafafá”, nos últimos dois anos Campina Grande deixou de arrecadar R$ 600 milhões durante os dias de festa junina. Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município mostram que o São João garante a geração de cerca de quatro mil empregos diretos e indiretos, que são criados na cidade durante o período. Na Bahia, onde as principais festas são pulverizadas em várias cidades de médio porte, o governo estima que o impacto da pandemia seja de cerca de R$ 550 milhões na economia sem as festas juninas. A ausência das festas de São João ainda impacta diretamente toda a cadeia produtiva do ciclo junino, que inclui a produção de pratos típicos, licor artesanal, fogos de artifício, transporte aéreo, rodoviário, hotelaria e até aluguel por temporada de casas. Dessa forma, a Unale, por meio da Secretaria Especial de Empreendedorismo, presidida pelo deputado estadual paraibano Eduardo Carneiro, vai participar das discussões e buscará alternativas para garantir a retomada econômica da cadeia produtiva.
Palco de um dos maiores festejos juninos do país, Pernambuco enfrentará mais um ano de prejuízo econômico por causa do cancelamento do São João. O Estado, conforme cálculos, deixará de movimentar cerca de R$ 434 milhões. O cálculo foi realizado com base no montante que circulou em Pernambuco em 2019, último ano das comemorações antes da crise sanitária. Naquele ano, mais de 513 mil turistas circularam por diversas cidades do Estado que possuem tradição no festejo junino, como Gravatá, Arcoverde e Petrolina. Em 2019, pequenos, médios e grandes empresários chegaram a celebrar um aumento de 25% no faturamento em relação a 2018. Em Caruaru, a expectativa para o período é negativa. Sem a festa, a estimativa é de que o prejuízo seja de R$ 200 milhões, de acordo com a prefeitura. “Perdemos a data de Santo Antônio e Dia dos Namorados com o fechamento do comércio em todas as cidades da região. Também não tivemos as festas do Pátio do Forró e as comemorações tradicionais como a queima da fogueira estão proibidas. É uma queda das vendas muito grande que não tem como recuperar”, explicou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caruaru, Adjar Soares.
O baixo movimento de turistas impacta o desempenho do setor. “Caruaru é um polo que atende mais de cinquenta cidades, mas como também não está havendo festividade nos outros municípios, a queda do movimento é enorme e impacta muito”, avaliou Adjar. Apesar da provável retração nas vendas, ele observa que neste ano o impacto deverá ser menor do que em 2020. “Ainda não temos como computar o número das vendas, mas no ano passado passamos a mesma situação, só que ficamos fechados o mês todo. Agora, as lojas estão abertas desde o dia 15, então deve ser melhor do que no ano passado”, projetou. Para os empreendedores que dependem do São João ou registram alta das vendas durante o período, a internet tem sido uma alternativa para turbinar as vendas e diminuir os prejuízos.