Nonato Guedes
O ministro da Saúde, o cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, está desde ontem, em João Pessoa, na segunda visita oficial que empreende ao seu Estado natal desde que foi investido na Pasta. Ele esteve reunido com o prefeito da Capital, Cícero Lucena, secretário de Saúde, Fábio Rocha e outras autoridades do município, e agendou para hoje uma conversa com o governador João Azevêdo (Cidadania). Em entrevista à imprensa, Queiroga prognosticou um ritmo cada vez mais acelerado da vacinação contra a Covid-19 no país, destacando a chegada de novas remessas de imunizantes, de diversas procedências. Ele minimizou denúncias que vazaram da CPI da Covid no Senado sobre a proposta de compra, com ágio, da vacina Covaxin, de fabricação indiana, e garantiu que pela sua gestão não passou nenhuma autorização de aquisição do imunizante.
O prefeito Cícero Lucena informou que no encontro com o ministro Marcelo Queiroga falou sobre o trabalho da prefeitura no combate ao coronavírus e da vacinação contra a Covid-19, observando: “Já ultrapassamos os 55% do público alvo em primeira dose e chegarmos a essa marca nos enche de esperança”. Através de rede social, Lucena afirmou que também pôde conversar sobre alguns projetos da prefeitura na áre da Saúde, como a entrega do medicamento em casa, um dos seus grandes compromissos de campanha na disputa eleitoral de 2020, além de cirurgias eletivas e a implementação de novas Unidades Básicas de Saúde, e pediu o apoio do Ministério da Saúde nestas ações. “O ministro se comprometeu em ver a questão orçamentária e a viabilidade de nos atender. Com fé em Deus, tudo vai dar certo”, reagiu Lucena.
O ministro foi recebido no gabinete da prefeitura, no Centro Administrativo Municipal, e dali seguiu para um dos postos de vacinação instalados na cidade. Na ocasião, o prefeito Cícero Lucena recebeu a notícia, que considerou bastante alvissareira, de que nas últimas 24 horas não havia sido registrada nenhuma morte por Covid-19 em João Pessoa. A visita do auxiliar do presidente Jair Bolsonaro foi encerrada na UPA dos Bancários, que vem registrando uma sensível diminuição no número de internações. “Quero agradecer ao ministro pela visita e desejar boa sorte na condução da Saúde em nosso país”, comentou o gestor pessoense.
Sobre o escândalo de suspeitas de corrupção no contrato de compra da vacina indiana Covaxin, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, negou que seja o deputado supostamente mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro em conversa com o deputado Luis Miranda (DEM-DF). Em depoimento à CPI da Covid, Miranda afirmou que Barros é o deputado ao qual Bolsonaro teria se referido ao tomar conhecimento das suspeitas de corrupção no contrato – o presidente admitiu ter recebido o deputado, mas disse que não se falou em corrupção no encontro. “O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: “Isso é grave”. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim, dizendo: “Isso é coisa de fulano”. E falou: “Vou acionar o diretor-geral da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave”, relatou o deputado à CPI.
Até o momento em que confirmou o nome de Barros, Miranda era pressionado por senadores na Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Congresso, mas dizia não lembrar do nome supostamente mencionado pelo presidente. “Não participei de nenhuma negociação em relação á compra das vacinas Covaxin. Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso”, escreveu Ricardo Barros na mensagem publicada em rede social. E complementou: “Também não é verdade que eu tenha indicado a servidora Regina Célia como informou o senador Randolfe Rodrigues. Não tenho relação com esses fatos”. A servidora Regina Célia Silveira Oliveira foi citada por Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda, como a pessoa que deu aval ao avanço da papelada da Covaxin enquanto a área de importação apontava problemas.
Segundo o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Regina Célia Oliveira assumiu o cargo quando Ricardo Barros era ministro da Saúde. O senador defendeu que a servidora seja convocada pela Comissão Parlamentar de Inquérito. A conversa entre Bolsonaro e Miranda aconteceu em 20 de março no Palácio da Alvorada, de acordo com o parlamentar. Os irmãos Miranda foram convidados a depor à CPI após terem denunciado irregularidades no contrato da vacina Covaxin e “pressão atípica” para a liberação do imunizante, ainda na gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello. Luis Ricardo Miranda é chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde. Ele já relatou o episódio ao Ministério Público Federal, que vê indícios de crime no processo.