Nonato Guedes
Em reunião, ontem, no Palácio da Redenção, com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o governador João Azevêdo (Cidadania) apresentou a proposta de desenvolver na Paraíba um “projeto piloto” que visa a reestruturação da política de saúde pública para a rede de urgência e emergência no país. Foi discutida, também, a possibilidade de realizar-se uma vacinação em massa da população de Sousa, no Sertão do Estado. O chefe do Executivo estadual ressaltou a importância da união de esforços para viabilizar o desenvolvimento dos projetos na área de saúde pública na paraíba.
– Nós queremos fazer uma pesquisa para que esse resultado seja utilizado pela comunidade científica em relação à vacinação no município de Sousa, que apresentou uma alta taxa de transmissibilidade de Covid-19, bem como prestar a assistência ao trauma de maneira eficiente, fazendo com que esse estudo seja adequado para cada Estado de acordo com a realidade de cada um – anunciou João Azevêdo. O ministro Marcelo Queiroga, por sua vez, assegurou que as propostas apresentadas pela gestão estadual serão analisadas e destacou a importância dos estudos na busca de novas informações e soluções.
Conforme Queiroga, o tema da vacinação em massa será submetido à avaliação das Comissões de Ética e Pesquisa e, sendo aprovado, o Ministério da Saúde dará o suporte técnico para a pesquisa que contribuirá com as respostas que a sociedade quer como um todo, a exemplo da intercambialidade de doses e avaliação genômica de eventuais variantes do vírus. “Nós também vamos fazer a análise técnica do projeto do Trauma e trabalhar em conjunto para instituir uma política de enfrentamento que traga resultados melhores para esse problema de saúde pública”, expressou.
Idealizado a partir de experiências já implementadas em outros países, a exemplo de Israel, Austrália, Estados Unidos e Canadá, onde foi constatada a redução de cerca de 80% das mortes evitáveis por traumas, a proposta apresentada é de que a Paraíba seja protagonista na implantação do novo modelo, com o desenvolvimento de um sistema organizado de atendimento ao trauma a partir de um esforço coordenado e integrado com o sistema de saúde pública local, para prover todos os cuidados necessários voltados para os pacientes traumatizados. A proposta também sugere a criação de uma Secretaria de Atenção ao Trauma e de um Comitê Nacional de Trauma, bem como a revisão das portarias da Rede de Urgência e Emergência, com a inclusão do Trauma; criação de comitês regionais, definição de número de Centros de Traumas por região e de protocolos de transferências pré-hospitalar e intra-hospitalar, e instituição de selos de qualidade nos Centros de Trauma e para cirurgiões com residência em Trauma ou Trauma e Emergência. As ações têm o objetivo de reduzir mortes evitáveis e promover o controle de custos e de qualidade.
A Assembleia Geral da Organização Mundial da Saúde definiu os anos de 2021 a 2030 como a segunda década de ação pela segurança no trânsito e estipulou a meta de diminuição de pelo menos 50% de lesões e mortes por acidentes no mundo. “A escolha da Paraíba não foi aleatória pela Sociedade Brasileira de Atendimento ao Trauma, mas se deu em decorrência das duas grandes estruturas hospitalares que temos em João Pessoa e Campina Grande. Esse projeto piloto visa à diminuição, em dez anos, de 50% do número de mortes ocorridas por trauma, seja por agressões interpessoais ou acidentes de trânsito ou de trabalho”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Geraldo Medeiros. Ao mesmo tempo, devido à elevação da taxa de transmissibilidade em Sousa, o município foi escolhido para realizar o possível projeto piloto, a partir da testagem de toda a população acima de 18 anos e, posteriormente, com a vacinação em massa, na construção de uma parceria entre o governo do Estado, Ministério da Saúde, Universidade Federal da Paraíba e o laboratório responsável pela fabricação dos imunizantes.
A taxa de transmissibilidade no município do Sertão paraibano está em 1,25 e chegou a 3,35 no início de junho. A cidade registra, até o momento, 6.953 casos de pessoas diagnosticadas com a Covid e 127 óbitos. “O mês de maio e a primeira quinzena de junho mostraram uma altíssima taxa de transmissibilidade do coronavírus no Sertão e nós escolhemos um ambiente de alta transmissão, que já tem uma fração da população vacinada pelo PNI mas ainda há uma parte das pessoas que não está imunizada. A ideia seria levar um estudo de cobertura vacinal total para compreendermos a efetividade dessa ação e aguardamos a deliberação do Ministério”, declarou o secretário executivo da Gestão da Rede de Unidades de Saúde da Paraíba, Daniel Beltrammi. A reunião também contou com as presenças de médicos do Hospital Alberto Einstein e integrantes da Sociedade Brasileira de Atendimento ao Trauma, Milton Steinman e Gustavo Braga.