O presidente Jair Bolsonaro chamou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, de “idiota” e “imbecil” e voltou a ameaçar a realização das eleições de 2022 em conversa com apoiadores na manhã de hoje no Palácio da Alvorada, em Brasília. Sem provas ou indícios, como informou o UOL, o presidente reiterou que o atual sistema eletrônico é passível de fraude e que é preciso implementar o voto impresso. Ele insistiu no argumento, considerado infundado por autoridades judiciárias, de que poderia haver fraude nas atuais urnas para derrotá-lo no ano que vem. Luís Roberto Barroso é, também, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Afirmou o presidente da República nesta sexta-feira,9 de julho: “Não tenho medo de eleições, entrego a faixa a quem ganhar, no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos risco de não termos eleições anos que vem. É futuro de vocês que está em jogo”. Ele criticou a posição de Barroso contra o voto impresso. Em sua linha de argumentação, o ministro assinala que um dos principais problemas do voto impresso é de que ele poderia ferir o sigilo do voto. “Resposta de um imbecil, lamento falar isso de uma autoridade do STF, só um idiota para fazer isso”, comentou Bolsonaro, que ao longo da conversa ainda afirmou que era uma “vergonha” Barroso estar no STF.
Ontem, o presidente da República já havia feito a mesma ameaça em relação às eleições de 2022, dizendo que as eleições não poderiam acontecer se, em sua visão, não fossem limpas. Hoje, avançou em sua posição. “Nós vamos ter eleições limpas, pode ter certeza. Eu não participar de fraude não quer dizer “vou ficar em casa”. Não teremos eleições fraudadas em 2022″, disse. Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil em 1996 nunca houve comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE mas também por investigações do Ministério Público Eleitoral e por estudos independentes.
Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou votação paralela). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada Tribunal Regional Eleitoral fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria. Pelo menos desde março do ano passado, Bolsonaro tem afirmado possuir provas, embora não apresente, de fraude nas eleições de 2014 e de 2018. Sobre a primeira, ele afirma que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) teve mais votos que Dilma Rousseff (PT), eleita naquele ano. A respeito de 2018, ele afirma que uma fraude o impediu de ter derrotado o candidato do PT, Fernando Haddad, ainda no primeiro turno. No dia 21 de junho, o TSE deu prazo de 15 dias para que o presidente forneça provas das alegações sobre a segurança das urnas. O prazo, porém, só vencerá em agosto, devido ao recesso judicial. Ainda não houve resposta de Bolsonaro no processo.