Nonato Guedes
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, afirmou em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que o partido pretende dar prioridade para candidaturas próprias a governador nos ‘grandes colégios eleitorais’ do país. Ele não incluiu, no roteiro, a Paraíba, onde o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, filiado ao PSD, movimenta-se junto a expoentes da oposição ao governo João Azevêdo para enfrentá-lo no pleito do próximo ano. “A nossa ideia – frisou Kassab – é ter candidatura a governador no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, São Paulo, no Paraná, os grandes colégios eleitorais”.
Em seguida, Kassab observou que não é uma “diretriz fechada”, mas pontuou: “A política se impõe, sempre existem as exceções que têm que ser admitidas, mas a recomendação é de que, em especial nos grandes colégios eleitorais, tenhamos candidaturas a governador”. Na Paraíba, aliados do ex-prefeito Romero Rodrigues já chegaram a cogitar a possibilidade dele migrar para outro partido caso não tenha apoio do PSD para disputar o Executivo estadual ou na hipótese de apoio do PSD à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Romero é ferrenho antipetista e amigo pessoal do presidente Jair Bolsonaro, cuja candidatura à reeleição apoia e com quem espera fazer dobradinha na disputa do próximo ano.
Uma reportagem do “Congresso em Foco” revela que o governo Bolsonaro tem demitido indicados do partido como espécie de advertência pela suposta posição dúbia da legenda. As demissões, por enquanto, ocorreram dentro do segundo e do terceiro escalão. A maioria delas em superintendências estaduais, a exemplo de adjuntos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Todas são de pessoas ligadas ao grupo de Gilberto Kassab, que, desde maio passou a falar em ter um candidato ao Palácio do Planalto que não fosse o presidente Bolsonaro e, além disso, passou a articular movimentos abertamente nessa direção. O ex-prefeito Romero Rodrigues tinha a esperança de ser nomeado para um cargo federal na Paraíba desde a sua saída da prefeitura de Campina, mas o impasse vivido pelo seu partido com o governo federal tem retardado definições.
O “Congresso em Foco” afirma que Gilberto Kassab é conhecido por ser um experimentado político de centro, “o que faz com que as falas e posturas dele soem como algo além de uma ameaça ou tentativa de barganha por mais espaço”. O presidente do PSD já declarou que a chance de reeleição de Bolsonaro é nula. “Não há analista político que possa ver hoje na candidatura do presidente uma viabilidade”, disse, acrescentando que acha “muito difícil” a reversão desse quadro. Kassab tem defendido a candidatura do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência da República como a chamada “terceira via”, alegando que Pacheco reúne qualidades como experiência política, perfil moderado e inserção em Minas Gerais, Estado que é o segundo maior colégio eleitoral do país.
Romero não é ferrenho antipetista. Pode perguntar a ele. Adversário sim, mas ferrelho antipetista não