O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), já se decidiu: irá mesmo se filiar ao PSD e concorrer à Presidência da República pela sigla presidida por Gilberto Kassab. Na Paraíba, o presidente do diretório regional do PSD é o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, que se lançou pré-candidato ao governo do Estado mas é bastante ligado ao presidente Jair Bolsonaro e apoia a reeleição deste ao Palácio do Planalto. O PSD, conforme a colunista Thaís Oyama, do UOL, pretende apresentar o senador Pacheco como a primeira opção de “terceira via” nas eleições de 2022, atropelando o grupo do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que desde maio do ano passado vem tentando costurar um acordo entre partidos para a construção de uma alternativa à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com lideranças do Congresso, Pacheco e Kassab já apertaram as mãos e o anúncio oficial da filiação e pré-candidatura do presidente do Senado será feito tão logo o PSD conclua a montagem de seus palanques nos Estados. Para isso, o partido aguarda apenas sinal verde do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que em breve oficializará sua saída do PSDB para concorrer ao governo pelo PSD. A sigla já fechou outros três palanques em Estados importantes. No Paraná, irá apostar na reeleição a governador de Ratinho Júnior, em Minas Gerais lançará o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, e, no Rio de Janeiro, concorrerá com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, apoiado pelo prefeito Eduardo Paes, recém-filiado ao partido. São Paulo fechará o circuito.
Rodrigo Pacheco é tido como a quintessência do “político mineiro”, embora tenha nascido em Rondônia. Foi eleito presidente do Senado Federal em janeiro com o apoio de bolsonaristas e petistas e era considerado um aliado pelo Palácio do Planalto até abril, quando autorizou a criação da CPI da Covid antes de o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir pela medida. O movimento antecipado enfureceu Bolsonaro e, desde então, Pacheco vem se distanciando do governo. Na sexta-feira, o senador convocou uma coletiva de imprensa para declarar que a realização das eleições no Brasil é “inegociável”. No dia anterior, Bolsonaro havia mais uma vez sugerido que o pleito de 2022 pode não ocorrer se não houver voto impresso. “Não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção, que seja um atentado à democracia ou que seja um retrocesso”, pontuou o presidente do Senado.
Segundo lideranças do PSD no Congresso, os planos de Pacheco são de “correr virtualmente o país” a partir da oficialização de sua candidatura à Presidência. Uma dessas lideranças revelou que o parlamentar não precisará se afastar de Brasília para dar a largada na pré-campanha. O fato de Pacheco, de 44 anos, ter construído sua carreira política em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, é visto como um trunfo. Outros predicados do senador, na visão de empresários recentemente apresentados a ele, seriam a sua “moderação” e as convicções liberais. Um desses empresários observou, no entanto, que o perfil de “político de gabinete” deve dificultar a penetração do nome de Pacheco no eleitorado mais popular. “No teste da buchada de bode eu duvido que ele passe”, afirmou, referindo-se ao prato de regiões do Nordeste que todo candidato em campanha tem obrigatoriamente de experimentar, e gostar.