Ao revelar à imprensa o saldo de sua atuação em 110 dias de mandato como deputado federal, substituindo a Pedro Cunha Lima, que requereu licença, o ativista Rafael Pereira (Rafafá) avaliou como positivo o desempenho, destacando as lutas travadas e a busca por recursos para beneficiar a Paraíba. O parlamentar em exercício conta que apresentou 57 proposituras, participou de 258 votações, proferiu sete discursos em plenário e destinou um total de R$ 45 milhões para as áreas de saúde, educação e assistência social, contemplando 18 municípios paraibanos.
“Rafafá” ressaltou que se despede da Câmara Federal com a sensação de dever cumprido. “Eu disse lá atrás que tentaria fazer em quatro meses quatro anos. Consegui fazer em 100 dias tudo o que muitos não conseguiram fazer e estou muito feliz. Agradeço primeiramente a Deus, à Paraíba que me confiou votos e ao deputado Pedro Cunha Lima pelo gesto de se licenciar do cargo. Estou indo embora oficialmente, mas todo mês venho cobrar os recursos que ficaram empenhados”, assegurou. Ele ganhou notoriedade logo nos primeiros dias de titularidade do mandato quando declarou que se considerava o “primeiro parlamentar gay assumido” do Brasil, acrescentando que havia políticos gays, mas “enrustidos”.
Ele se antecipou, na declaração, ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também do PSDB, apontado como provável alternativa à sucessão presidencial nas eleições de 2022. Numa entrevista ao programa “Conversa com Bial”, do jornalista Pedro Bial, da Rede Globo de Televisão, Eduardo Leite enfatizou: “Sou um governador gay, não sou um gay governador, tanto quanto Barack Obama, nos Estados Unidos, não foi um negro presidente, foi um presidente negro”. A revista “Veja” comentou que a declaração do governador gaúcho significou “uma atitude rara, e corajosa, entre políticos”, e Leite recebeu inúmeras manifestações de apoio, embora tenha sido ironizado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.
Já no seu discurso de despedida na Câmara, “Rafafá” lembrou da sua trajetória humilde e pediu para que os deputados trabalhassem pelos que mais precisam. “Eu venho de uma realidade difícil. Eu conheço a fome, as dificuldades para se ter educação e trabalho. Por isso, peço a vocês que trabalhem pelos que mais precisam porque eles confiaram em nós. Confiaram no nome de cada um aqui, na esperança de terem dias melhores”, acentuou. Ele agradeceu, ainda, aos prefeitos de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, e de Pedras de Fogo, Manoel Júnior, que contribuíram para que tivesse a oportunidade de assumir o mandato na Câmara, bem como a inúmeros deputados, a ministros e funcionários de ministérios e órgãos públicos e ao ex-senador Cássio Cunha Lima.
Durante o mandato, “Rafafá” apresentou o Projeto de Lei que prevê reserva para as pessoas com idade igual ou superior a 40 anos em 20% das vagas oferecidas em concursos públicos federais. Outra defesa significativa do seu mandato foi a adesão ao termo de compromisso pela pauta de pessoas LGBTQ+ na Câmara dos Deputados. Apresentou, ainda, projeto de lei incluindo famílias formadas por casais homoafetivos no grupo a ser priorizado na seleção e hierarquização dos beneficiários do Programa Casa Verde e Amarela, conhecido anteriormente como “Minha Casa, Minha Vida”. E fez-se autor de projeto de lei proibindo a utilização de animal em experimento científico quando houver metodologia alternativa e determina produto comercial cujo desenvolvimento fizer uso de experimento com animal a oferecer essa informação ao consumidor no seu rótulo. Também é de sua autoria a matéria que assegura um hospital veterinário público em cada Estado.