O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que concorreu à presidência da República em 2018 pelo PT, afirmou, hoje, que são os partidos de centro que têm governado o Brasil e que a configuração atual do Congresso Nacional “é um atraso de vida”. Ao participar do UOL Entrevista, Haddad comentou que “o Centrão está no paraíso, no que entendem os seus expoentes. Não são mais coadjuvantes do PT e do PSDB. Agora o projeto é deles, eles estão desenhando o país à sua imagem”. Haddad lamentou que, depois de alguns avanços no processo político tenham sucedido retrocessos. “Fomos parar no passado, que queríamos ter superado. Ciro Nogueira, Arthur Lira, Ricardo Barros…Essa gente que está mandando no país ou não? Eles vão estar na base de Bolsonaro até o fim”, disse.
Haddad salientou que até apostaria que o presidente, ainda sem partido, deve se filiar ao PP (Partido Progressista). A respeito do sistema de governo de semipresidencialismo, o ex-ministro disse que a representação não tem nada a ver com o Congresso brasileiro. A discussão ganhou força nos últimos dias após o presidente da Câmara, Arthur Lira sugerir publicamente a mudança. Segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, Lira articula com aliados a mudança por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição. Pessoalmente, Haddad se posicionou: “Não gosto de solução parlamentarista no Brasil. Acho que a escolha plebiscitária do chefe de Governo é uma forma de dialogar mais adequada”.
Na entrevista, Fernando Haddad não quis se definir como pré-candidato ao governo de São Paulo, como tem sido cogitado nos meios políticos, e defendeu que as forças progressistas do Estado, que, segundo ele, incluem partidos como PSOL, PT e PCdoB, devem se unir e colocar um projeto de governo acima de ambições pessoais. “Não recuso a possibilidade, mas não é o que está presidindo minhas ações nesse momento. Mais importante do que o nome é o projeto, bem como a viabilidade de vencer as eleições do ano que vem”, declarou o ex-prefeito, que disse já ter conversado com nomes como Márcio França, do PSB, Orlando Silva, do PCdoB e Guilherme Boulos, do PSOL.
O petista assegurou ainda que coloca em pé de igualdade os candidatos que considera mais progressistas. “Pela primeira vez em 30 anos há uma real possibilidade de vitória das forças progressistas em São Paulo devido ao desgaste do governo João Doria”, avaliou Haddad. Por outro lado, opinou que quem vier a ocupar o lugar de vice na chapa de Lula para a disputa pela Presidência em 2002 “deve ser um nome que represente ampliação”, observando que a “ampliação” deve ir até o centro, e não até a centro-direita, campo em que ele incluiu partidos como o Democratas.