Nonato Guedes
O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), que se anuncia pré-candidato ao governo do Estado nas eleições do próximo ano, atraiu críticas de políticos bolsonaristas paraibanos ao admitir diálogo com setores da esquerda, em entrevista ao “Correio Debate”, da 98 FM. O ex-candidato a prefeito de João Pessoa, Nilvan Ferreira, presidente estadual do PTB, disse que a postura de Romero é incoerente e inviável. O deputado Wallbber Virgolino, do Patriota, que também concorreu à prefeitura da Capital, revelou que a polarização entre direita e esquerda será inevitável no pleito do próximo ano e que, portanto, não há espaço para meio-termo.
Romero Rodrigues atraiu, igualmente, a rejeição de segmentos da esquerda com quem admitiu dialogar. O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, Jackson Macêdo, desdenhou das palavras do ex-prefeito campinense sobre diálogo com a esquerda e ressaltou que há incompatibilidades notórias, do conhecimento da opinião pública. Concluiu afirmando que o PT estará empenhado, nas eleições, em contribuir para derrotar Romero caso ele seja candidato ao Palácio da Redenção, por considerá-lo identificado com o governo do presidente Jair Bolsonaro, que o PT combate nacionalmente. Já Tárcio Teixeira, do PSOL, qualificou como inviável o diálogo com forças de direita e frisou que a própria opinião pública não aceitaria tal “conchavo”. Acrescentou que forças de esquerda estão se reunindo para discutir a possibilidade, ou não, de unidade já no primeiro turno nas eleições vindouras na Paraíba, mas que isto ainda vai demandar uma série de entendimentos.
Romero foi prefeito de Campina por dois mandatos, tendo encerrado a última gestão consecutiva em dezembro de 2018. Conseguiu influenciar na vitória, em primeiro turno, do candidato à sua sucessão na Rainha da Borborema, o atual prefeito Bruno Cunha Lima, do PSD. Presidente do diretório estadual do PSD, Romero foi colega de legislatura de Jair Bolsonaro na Câmara Federal e chegou a ser prestigiado pelo atual governo com obras e investimentos na cidade no final do período administrativo. Desde que deixou a prefeitura de Campina, declarou à imprensa que disputará o governo contra João Azevêdo (Cidadania) e que apostava fichas numa dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro.
Ultimamente, porém, coincidindo com o desgaste do presidente da República – cuja reprovação, altíssima, foi detectada por institutos de pesquisa – Romero Rodrigues deslocou-se para uma posição de centro, justificando que nunca compactuou com “extremismos políticos”. Diante da perspectiva de candidatura própria do PSD à presidência da República, na figura do senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, se este migrasse do DEM para a sigla, Romero admitiu como natural o apoio à candidatura própria mas não descartou a hipótese de abrir palanque para eleitores dele e do presidente Jair Bolsonaro. Ontem, o ex-prefeito de Campina Grande esclareceu que foi sincero ao admitir o diálogo com forças de esquerda, acentuando que este sempre foi o seu perfil. Deixou claro que, em último caso, se não tivesse espaço para conversar com líderes de esquerda, não descarta vir a ser beneficiado por votos de eleitores de esquerda.
Romero Rodrigues salientou ter admitido o diálogo na perspectiva de sua candidatura vir a agregar apoios junto a segmentos que fazem oposição ao governo de João Azevêdo, que foi eleito em 2018 com o apoio do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). Rodrigues informou que pretende focar sua campanha na denúncia de supostas omissões da administração de João Azevêdo quanto a beneficiar setores importantes da sociedade paraibana, bem como na formulação de propostas que contribuam, decisivamente, para a retomada do desenvolvimento do Estado. No esquema político onde Romero atua, a partir de Campina Grande, o deputado federal Pedro Cunha Lima, do PSDB, também colocou em pauta a pretensão de ser candidato ao governo da Paraíba. As definições sobre alianças e composição de chapa estão sendo retardadas para o próximo ano.