Nonato Guedes
O deputado Efraim Filho, do Democratas, deixa transparecer que está “embalado” no projeto de candidatura à vaga de senador pela Paraíba nas eleições de outubro do próximo ano e que não cogita abrir mão dessa pretensão, podendo, se for o caso, concorrer em faixa própria, flutuando acima de esquemas políticos restritos. Na entrevista ao jornalista Hermes de Luna, na TV Correio, o parlamentar pontuou que se mantém disposto a competir em dobradinha com o governador João Azevêdo (Cidadania), candidato à reeleição. Mas, nas entrelinhas, deixou escapar que deve haver reciprocidade nas alianças, sobretudo com quem tem procurado ser leal nas ações parlamentares que desenvolve, caso em que, pessoalmente, se enquadraria, diante da luta que empreende como coordenador da bancada federal para ajudar a governabilidade no Estado.
O tom de Efraim Filho não é de quem deseja impor uma pré-candidatura. Mas também fica evidente que ele não aceitará imposições de nomes para a chapa senatorial. Se tiver que haver disputa democrática, no esquema de forças de apoio ao governador João Azevêdo, a ela se submeterá, com seus trunfos: a atuação na Câmara em favor da Paraíba, o trabalho incansável em benefício de municípios grandes, médios e pequenos, a adesão que tem conquistado de deputados federais de diferentes partidos, do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), de deputados estaduais, prefeitos e lideranças municipalistas. Quer alcançar o broche de senador, também, pelo reconhecimento dos seus méritos, de aplicação à causa pública, e do fato de que se considera um político “ficha limpa” sem estar envolvido com esquemas de falcatruas, desvios ou irregularidades.
A manifestação de Efraim ocorre uma semana depois do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Partido Progressista, ter insinuado fortalecimento da sua pretensão em também candidatar-se ao Senado, na órbita do esquema do governador João Azevêdo. A esse respeito, Efraim Filho deixou patente que acatará uma disputa interna baseada em critérios de valor efetivo, como a densidade política-eleitoral de postulantes e até mesmo avaliação da receptividade do trabalho porventura desenvolvido por aspirantes à vaga. Considera, pessoalmente, que tem um “portfólio” avançado de obras viabilizadas através de emendas parlamentares e de benefícios carreados mediante sua influência em gabinetes oficiais do poder em Brasília. No geral, acredita que tem notoriedade porque toma posições claras, em entrevistas ou reportagens que são exibidas por canais influentes de televisão da mídia nacional. Desse ponto de vista, tem um perfil cristalino a oferecer à apreciação da Paraíba, a ele adicionando pitadas de juventude e condimentos de idealismo associados à causa pública.
Efraim Filho foi, praticamente, o primeiro a se lançar pré-candidato ao Senado, pela vontade natural de ascender àquela Casa e pelo desejo legítimo de seguir a trajetória do pai, o ex-senador Efraim Morais, presidente do Democratas, que ocupa uma secretaria no governo João Azevêdo e que registrou passagens pela Câmara dos Deputados e pela Assembleia Legislativa, sendo figura decisiva em campanhas recentes e memoráveis do calendário estadual. A estratégia de Efraim Filho é tida por analistas como “agregadora”, sendo exemplo maior a diversidade de apoios e acenos que tem recebido, de deputados como Hugo Motta (Republicanos), Gervásio Maia (PSB). Julian Lemos (PSL), sem falar no senador Veneziano Vital do Rêgo, que passou a comandar o diretório regional do MDB e firmou posição de preferência por seu nome na primeira hora. Há outros ‘condestáveis’, de legendas distintas, empenhados no projeto de Efraim Filho de “chegar lá”.
Chama a atenção, também, na estratégia adotada pelo deputado Efraim Filho, outra particularidade: a de aliar o trabalho parlamentar como deputado federal com a pré-campanha para concorrer ao Senado. Ele tem cumprido um roteiro infatigável de visitas a municípios e a variadas regiões do território paraibano, a um só tempo auscultando as demandas populares e consolidando apoios que são vitais para a sua logística de campanha no próximo ano. Tanto quanto possível, foge de debates estéreis e pseudo-ideológicos para focar na polêmica sobre os desafios da Paraíba – aqueles que estão sendo vencidos por ações de governos, e os que precisarão ser ultrapassados na fase histórica do Estado. Sobre estes problemas, ele talvez esteja acumulando, como nenhum outro pretendente, uma gama de informações substanciais que permitem identificar carências da população.
Mutatis mutandis, recorda-se em áreas políticas que em 2002, quando Efraim Morais (pai) decidiu entrar no páreo ao Senado, contra ex-governadores, costurou uma rede de apoios políticos dentro de tática que excluiu lançamento de familiares a outros mandatos eletivos. Isto facilitou a distribuição de espaços, a democratização da atuação na caça aos votos por redutos importantes, da Capital ao município de Bom Jesus, que fica localizado já nas franjas do Estado do Ceará. Por outro lado, em 2014, quando conquistou a vaga de senador, o ex-governador José Maranhão lançou-se praticamente em faixa própria. São exemplos que Efraim Filho começa a desfiar, guardando, obviamente, as proporções das analogias que faz. Do deputado do DEM pode-se afirmar, sem titubear, e com tanta antecedência: ele está preparado para competir, e também para exercer o mandato de senador, se este for o desfecho que emanar das urnas ao cabo das apurações em outubro do próximo ano.