Nonato Guedes
O cardiologista paraibano Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, poderá disputar um mandato legislativo no próximo ano pelo seu Estado, segundo previu o presidente da República, Jair Bolsonaro, na entrevista que concedeu segunda-feira à rádio Arapuan, de João Pessoa, com alcance em várias regiões do Estado. Bolsonaro fez o prognóstico ao ser indagado se o seu ministro da Saúde cogita ser candidato a governador. O mandatário deixou claro que, se resolver entrar na política e ser candidato no próximo ano, Marcelo Queiroga terá seu apoio, “se assim desejar”. Mas notou que, pelo menos por enquanto, não tem havido manifestação expressa do titular da Pasta com referência à participação no processo eleitoral.
Bolsonaro foi indagado por jornalistas sobre o que acha da atuação do ministro paraibano, que substitui, no cargo, ao general Eduardo Pazuello, que era da estrita confiança pessoal do chefe do Executivo. Elogiou o ministro, dizendo que em pouco mais de 90% ele tem correspondido às suas expectativas, e falou do desafio que o governo federal vem enfrentando no combate à pandemia de covid-19. Bolsonaro criticou o comportamento de governadores de Estados que, conforme ele, adotaram medidas restritivas ao funcionamento do comércio e outros setores produtivos, prejudicando sensivelmente a atividade econômica. Ressaltou como exemplo lamentável desse comportamento o gestor da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), sem mencionar diretamente o seu nome.
O ministro Marcelo Queiroga, desde que se investiu na Pasta, por indicação de um filho do presidente da República, em nenhum momento admitiu ambições políticas ou qualquer interesse de concorrer a mandatos em 2022, mas seu nome tem sido especulado como alternativa à Câmara Federal, ao Senado ou ao próprio governo. Ele nunca disputou cargos políticos, embora seu irmão, Marco Antônio Queiroga, tenha sido vereador por João Pessoa. Mas o ministro é considerado como detentor de “jogo de cintura” política e avaliado como bom nome para entrar no páreo, pelo perfil como “ministro da vacinação”, já que deflagrou o Plano Nacional de Imunização contra o coronavírus. Marcelo assumiu praticamente em março deste ano, em meio a fortes críticas ao general Pazuello pela sua atuação.
Bolsonaro assim comentou o trabalho de Queiroga: “Se algo está dando errado no governo por parte de algum ministério, a crítica vem para cima de mim. Por isso, é natural que o presidente mande e os ministros obedeçam as suas ordens. É da regra do jogo, em relação a algumas coisas. Mas em grande parte das ações ele tem liberdade, e o que posso dizer é que até agora, em grande parte, ele tem feito muito bem o seu trabalho”. De acordo com o presidente, alguns ministros que vão ao seu gabinete anunciam intenções de disputar eleições no próximo ano e têm contado com seu estímulo. Em relação ao ministro Marcelo Queiroga, Bolsonaro frisou que até o momento ele não manifestou oficialmente qualquer posição de interesse. “É claro que se ele tiver alguma pretensão, nós vamos sentar e discutir as bases de um apoio meu. Repito que nada foi aprofundado a respeito do assunto. Pessoalmente, acredito que Queiroga esteja mais para um cargo legislativo do que executivo. Mas em qualquer função que ele desempenhe, tem competência comprovada, e a Paraíba está de parabéns com o médico cardiologista que tem no Ministério da Saúde”, finalizou o mandatário.