Nonato Guedes
O deputado estadual Anísio Maia (Partido dos Trabalhadores), que foi abandonado pela cúpula nacional do PT na eleição para prefeito de João Pessoa em 2020, anunciou que pretende insistir junto à alta cúpula do partido para impedir a filiação do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que já comunicou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Gleisi Hoffmann o seu retorno à legenda de origem, pela qual pretende concorrer ao Senado em 2022. Anísio Maia afirma que Ricardo vai aprofundar a desagregação nas hostes petistas paraibanas e poderá prejudicar a própria candidatura de Lula ao Planalto, devido ao desgaste enfrentado com denúncias e citações em escândalos apurados pela Operação Calvário, do Ministério Público.
Anísio Maia, falando a uma emissora de rádio da Capital, lamentou que uma ala do PT esteja “hipnotizada” pela influência do ex-governador e ex-prefeito de João Pessoa, Ricardo Coutinho, que há quase 20 anos abandonou o partido para ingressar no PSB e ser candidato à edilidade da Capital e, agora, tenta fazer o caminho de volta, já tendo sido “liberado” pela cúpula socialista para se desfiliar sem o risco de punições. Para o parlamentar, a manobra encetada pelo ex-governador Ricardo Coutinho é meramente oportunista. Observa que Ricardo perdeu credibilidade e espaços políticos na Paraíba, de que foi exemplo a sua derrota para prefeito da Capital no ano passado, além de estar igualmente desgastado dentro do Partido Socialista Brasileiro. “Ele (Ricardo) só está se reaproximando do PT por causa do prestígio do presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial do próximo ano”, advertiu.
Nas eleições de 2020, o deputado Anísio Maia foi lançado em convenção pelo diretório municipal do PT como candidato a prefeito de João Pessoa, em coligação com o PCdoB, que indicou o candidato Percibal Henriques. A sua escolha, porém, foi duramente contestada pela direção nacional do PT, através da presidente Gleisi Hoffmann, que desautorizou o lançamento da candidatura própria e recomendou que os petistas apoiassem a candidatura de Ricardo Coutinho, então no PSB e que havia deixado o governo do Estado em janeiro de 2019. Na época, Gleisi alegou que Ricardo tinha identidade com o PT fora solidário com o ex-presidente Lula quando da sua prisão e com a ex-presidente Dilma Rousseff quando do seu impeachment. A cúpula nacional petista encetou gestões para impedir a candidatura de Anísio Maia, mas não obteve êxito na Justiça. Em consequência, o ex-presidente Lula gravou um vídeo no Guia Eleitoral de João Pessoa manifestando apoio a Ricardo Coutinho e pedindo ao eleitorado que apoiasse a sua postulação. Ricardo ficou em sexto lugar no páreo.
Agora, com a perspectiva de refiliação de Ricardo aos quadros do PT, Anísio Maia, que permaneceu no partido, tenta evitar o retorno do ex-governador à legenda. O seu empenho, entretanto, é considerado “inglório” e “inútil” por figuras de destaque do Partido dos Trabalhadores, argumentando que a opção de Lula na Paraíba já está feita pelo nome de Ricardo Coutinho, como retribuição a gestos de apoio que teve dele em momentos difíceis enfrentados pelo próprio ex-presidente da República e pelo PT a nível nacional. Todos esses fatos de bastidores reforçam a expectativa quanto à vinda de Lula á Paraíba neste mês de agosto para conversas políticas.